Jeanine Añez descarta participação de Morales e Linera em novas eleições na Bolívia

Senadora denunciou que ex-presidente, asilado no México, segue fazendo declarações políticas e "incitando" apoiadores a se rebelar

Foto: Reprodução/Facebook

A presidente interina da Bolívia, Jeanine Añez, denunciou hoje que o ex-presidente Evo Morales segue fazendo declarações políticas, “incitando” apoiadores a se rebelar e descumprindo, com isso, o protocolo de asilo político que obteve do México. A senadora de oposição anunciou que o Ministério das Relações Exteriores vai fazer uma reclamação oficial ao governo mexicano, que recepcionou o ex-mandatário boliviano no início da semana.

Sem dar mais detalhes, Jeanine também anunciou que o ex-líder cocaleiro, assim como o ex-vice-presidente, Alvaro García Linera, não poderão participar das próximas eleições. “Não estão autorizados para um quarto mandato”, disse a senadora, ao sugerir “novos candidatos” ao Movimiento al Socialismo (MAS), caso a sigla queira disputar o pleito. O governo interino planeja anunciar a data da votação quando terminar de compor o gabinete ministerial.

Jeanine assumiu em sessão sem quórum no Congresso, após o boicote do MAS, que comandou o país durante 13 anos e nove meses. A senadora disse que vai convocar as eleições com ou sem a ajuda da bancada da sigla.

“Nós a levaremos adiante, querendo ou não. Embora incitem à violência, esse governo de transição vai garantir ao povo o chamado para eleições nacionais com profissionais transparentes. Se eles não quiserem fazer parte, procuraremos os mecanismos necessários, pois o país precisa saber que as eleições serão realizadas”, concluiu.

Nessa terça, a senadora, que refuta a denúncia de golpe de Estado, prometeu revogar, durante o mandato interino, a decisão do Tribunal Constitucional que permitiu a Morales e Linera disputarem o quarto mandato, contrariando decisão expressa em referendo.

A crise política e social que divide a Bolívia desde as eleições de 20 de outubro, que deram vitória ao MAS em primeiro turno mas levantaram indícios de fraude, deixou 10 mortos e mais de 500 feridos em confrontos que persistem nas maiores cidades do país.