O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu formalmente asilo ao México, no que foi prontamente atendido, confirmou o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, em coletiva de imprensa concedida no fim da tarde desta segunda-feira.
O México já informou a decisão ao Ministério das Relações Exteriores da Bolívia e solicitou o salvo-conduto de Morales, para que ele possa sair do país em segurança.
“O México tomou esta decisão por razões humanitárias. Na Bolívia, sua vida e sua integridade correm perigo”, afirmou Ebrard.
O chanceler mexicano não confirmou nenhum detalhe sobre uma possível data de saída de Morales da Bolívia.
Vazio político
A renúncia de Evo, após três semanas de protestos, deixa um vácuo de poder na Bolívia, onde no momento ninguém sabe quem comanda o país. A Constituição prevê que a sucessão comece com o vice-presidente, depois passe para o titular do Senado e, em seguida, para o presidente da Câmara. Todos, porém, renunciaram.
As renúncias do vice-presidente Álvaro García, da presidente e do vice-presidente do Senado, Adriana Salvatierra e Rubén Medinacelli, e do titular da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, criaram portanto uma situação de incerteza e vazio sobre a cadeia de sucessão constitucional.
Nesse cenário, a segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, reivindicou o direito de assumir a presidência da Bolívia. Em tese, cabe ao Legislativo escolher um novo presidente do Senado, para que possa acatar a renúncia de Morales e dar início ao processo de novas eleições.
Hoje, a senadora disse que serão convocadas eleições depois da renúncia de Evo Morales, para que “em 22 de janeiro já tenhamos um presidente eleito”.
Violência
Já a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA), expressou preocupação sobre a crise política e a situação dos direitos humanos na Bolívia.
Segundo dados citados pela CIDH em comunicado, três pessoas morreram, 421 ficaram feridas e 222 foram presas após as eleições de 20 de outubro, que tiveram suspeitas de fraude e desencadearam uma onda de protestos contra o governo.
Nesse domingo, Evo Morales e outros três políticos na linha sucessória da Bolívia renunciaram.
A suspeita de fraude também resultou na prisão da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da Bolívia, Maria Eugenia Choque, e do vice-presidente da Corte, Antonio Costas.
Evo Morales, que se tornou o primeiro presidente indígena da Bolívia, esteve no poder por 13 anos e nove meses, o mandato mais longo da história do país sul-americano.