Ex-presidente da Bolívia Evo Morales pede asilo e México concede

Ministro das Relações Exteriores mexicano confirmou informação e disse já ter solicitado o salvo-conduto 

Evo Morales renunciou após pressão de militares | Foto: Divulgação/Wikimedia/Kilobug
Foto: Divulgação/Wikimedia/Kilobug

O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, pediu formalmente asilo ao México, no que foi prontamente atendido, confirmou o chanceler mexicano, Marcelo Ebrard, em coletiva de imprensa concedida no fim da tarde desta segunda-feira.

O México já informou a decisão ao Ministério das Relações Exteriores da Bolívia e solicitou o salvo-conduto de Morales, para que ele possa sair do país em segurança.

“O México tomou esta decisão por razões humanitárias. Na Bolívia, sua vida e sua integridade correm perigo”, afirmou Ebrard.

O chanceler mexicano não confirmou nenhum detalhe sobre uma possível data de saída de Morales da Bolívia.

Vazio político

A renúncia de Evo, após três semanas de protestos, deixa um vácuo de poder na Bolívia, onde no momento ninguém sabe quem comanda o país. A Constituição prevê que a sucessão comece com o vice-presidente, depois passe para o titular do Senado e, em seguida, para o presidente da Câmara. Todos, porém, renunciaram.

As renúncias do vice-presidente Álvaro García, da presidente e do vice-presidente do Senado, Adriana Salvatierra e Rubén Medinacelli, e do titular da Câmara dos Deputados, Víctor Borda, criaram portanto uma situação de incerteza e vazio sobre a cadeia de sucessão constitucional.

Nesse cenário, a segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, reivindicou o direito de assumir a presidência da Bolívia. Em tese, cabe ao Legislativo escolher um novo presidente do Senado, para que possa acatar a renúncia de Morales e dar início ao processo de novas eleições.

Hoje, a senadora disse que serão convocadas eleições depois da renúncia de Evo Morales, para que “em 22 de janeiro já tenhamos um presidente eleito”.

Violência

Já a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA), expressou preocupação sobre a crise política e a situação dos direitos humanos na Bolívia.

Segundo dados citados pela CIDH em comunicado, três pessoas morreram, 421 ficaram feridas e 222 foram presas após as eleições de 20 de outubro, que tiveram suspeitas de fraude e desencadearam uma onda de protestos contra o governo.

Nesse domingo, Evo Morales e outros três políticos na linha sucessória da Bolívia renunciaram.

A suspeita de fraude também resultou na prisão da presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da Bolívia, Maria Eugenia Choque, e do vice-presidente da Corte, Antonio Costas.

Evo Morales, que se tornou o primeiro presidente indígena da Bolívia, esteve no poder por 13 anos e nove meses, o mandato mais longo da história do país sul-americano.