Evo Morales divulga foto e garante estar partindo para o México

Bolívia se tornou palco de uma série de incêndios, saques e ataques a residências, incluindo a do próprio ex-presidente

Foto: Reprodução/Twitter

Sem especificar exatamente onde está localizado, o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, que renunciou ao cargo nesse domingo, informou, na noite de hoje, que está refugiado na região de Cochabamba, no centro do país, onde recebeu “segurança e cuidado” dos apoiadores.

Morales divulgou nas redes sociais uma foto na qual aparece deitado no chão, sob uma manta pendurada por cordas. Na mensagem que acompanha a imagem, o político agradece o apoio das “federações do Trópico de Cochabamba”, uma referência aos grupos cocaleros dos quais nunca deixou de pertencer enquanto esteve no poder.

Mais cedo, Evo teve um pedido de asilo político aceito formalmente pelo chanceler mexicano, Marcelo Ebrard. O México já informou a decisão ao Ministério das Relações Exteriores da Bolívia e solicitou o salvo-conduto de Morales, para que ele possa sair do país.

Após a renúncia presidencial, o país se tornou palco de uma série de incêndios, saques e ataques a residências, incluindo a do próprio Morales.

Em outra postagem no Twitter, o ex-presidente disse que parte rumo ao México agradecido ao “povo irmão” que ofereceu asilo para que possa continuar cuidando da vida. Declarou que dói abandonar a Bolívia por razões políticas, mas garantiu que vai voltar “com mais força e energia”.

Evo Morales renunciou ao cargo de presidente da Bolívia após as Forças Armadas pedirem a saída dele do poder. A crise na Bolívia, intensificada nos últimos dias, se agravou após a eleição que confirmou o quarto mandato de Morales para presidente do país. Mesmo após o político confirmar que havia aceitado a auditoria da Organização dos Estados Americanos (OEA), que apontou indícios de fraude no pleito, as Forças Armadas mantiveram o posicionamento. Morales, então, renunciou para evitar um aumento ainda maior da violência no país.

Hoke, a polícia boliviana pediu a intervenção do Exército nas ruas, ao argumentar que a missão de conter a violência se tornou “insustentável” na atual situação do país. Um comando policial declarou à imprensa, em La Paz, que os agentes não querem carregar “mortos nos ombros” e se dizem sobrecarregados diante de grupos violentos com armas de fogo e “intenção de matar”.

Entenda

Além de Evo, também renunciaram ao cargo o vice-presidente do país, Álvaro García Linera, o presidente da Câmara de Deputados, Víctor Borda, e a presidente do Senado, Adriana Salvatierra. Cabe agora ao Legislativo escolher um novo presidente do Senado, para que possa acatar a renúncia de Morales e dar início ao processo de novas eleições no país.

Nesse cenário, a segunda vice-presidente do Senado, a opositora Jeanine Añez, reivindicou o direito de assumir a presidência da Bolívia. Hoje, a senadora disse que serão convocadas eleições depois da renúncia de Evo Morales, para que “em 22 de janeiro já tenhamos um presidente eleito”.