Um dia após a soltura de Luiz Inácio Lula da Silva, parte da população foi às ruas, neste sábado, para manifestar seu descontentamento com a Corte e exigir respostas do Congresso Nacional sobre a prisão em segunda instância. Em Porto Alegre, o ato ocorreu na Avenida Goethe, ao lado do Parque Moinhos de Vento, o Parcão. O evento, marcado na internet pelo movimento Vem Pra Rua, reuniu centenas de pessoas entre às 15h e 18h. O ato deste final de semana ganhou ainda mais força depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu alterar o entendimento sobre a prisão após a condenação em segunda instância, o que aconteceu na última quinta-feira, e acabou, por consequência, beneficiando o ex-presidente.
A integrante do movimento Livre Iniciativa para Todos e organizadora do protesto deste sábado, Paula Cassol lembra que este foi o primeiro ato desde 25 de agosto, quando foi pedido o impeachment do presidente do STF, Dias Toffoli, o veto à lei de abuso de autoridade e apoio à Lava Jato. “As pessoas já estavam apreensivas. Muita gente não quer a medida (fim da prisão em segunda instância)”, assegura. Junto à voz dela, outras lideranças da direita gaúcha passaram parte da tarde de sábado se revezando no palanque montado sobre um caminhão de som, como o deputado federal Marcel van Hattem (Novo), deputado estadual Ruy Irigaray (PSL), o ex-senador Pedro Simon (MDB) e a vereadora porto-alegrense Comandante Nádia Gerhard (MDB), entre outros. Nos discursos, muitos ataques ao STF, à esquerda como um todo e em particular ao PT e ao Lula. Também foi falado sobre as soluções, que passam pelo Congresso Nacional votar a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 410, retomando o entendimento da prisão em segunda instância, e também da revogação da PEC da Bengala, reduzindo a idade máxima para a atuação dos magistrados.
Vestindo verde e amarelo, acompanhados de crianças e animais de estimação, os manifestantes protestaram de forma pacífica, segurando cartazes em apoio ao pacote anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, e também contra o STF e a corrupção. Alguns também vestiam camisetas em apoio ao presidente Jair Bolsonaro. “Nós temos que se organizar, mostrar que estamos mobilizados contra o que está acontecendo”, pede o comerciante de Gravataí, João Soares Mateus, 58 anos. “Eu fiquei insatisfeita com a política praticada pela esquerda. Então eu venho às manifestações desde 2018. Tenho dois filhos, um de 9 e outro de 6 anos, e quero que o futuro fique melhor para eles. O que aconteceu nesta semana é um marco para a impunidade”, argumenta a professora Fernanda Menezes Ulguim, 43, de Porto Alegre.
Segundo Paula, o ato em Porto Alegre teria reunido 35 mil pessoas. Número que não foi confirmado pela Brigada Militar. O Vem Pra Rua tinha programado manifestações em 137 cidades brasileiras, 12 delas aqui no Rio Grande do Sul.