Paulo Pimenta garante que soltura de Lula não vai acirrar os ânimos políticos no Brasil

“Eu aposto muito em um ‘Lula-Nelson Mandela’”, afirmou líder do PT na Câmara

Paulo Pimenta. Foto: Lucas Rivas

O líder do PT na Câmara, deputado federal Paulo Pimenta, garantiu, nesta sexta-feira, que a soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não vai ampliar o acirramento político no Brasil. A defesa de Lula segue aguardando o pedido, feito à Justiça Federal, para soltar o ex-presidente após o Supremo Tribunal Federal (STF) reverter o entendimento sobre a prisão em segunda instância. O petista está detido na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, há 580 dias.

Segundo Paulo Pimenta, como o ex-presidente mantém genuinamente um perfil conciliador, a possibilidade de os ânimos se exaltarem entre defensores e opositores dele tende a cair por terra. Pimenta ainda associou o comportamento de Lula ao do ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que deixou como legado o histórico de uma luta democrática e pacífica, mesmo depois de ter ficado preso por mais de 27 anos.

“O Lula não tem esta disposição para o acirramento. O Lula consegue transcender esta questão. Ele consegue dialogar com setores além do PT e das forças da esquerda. Eu aposto muito em um ‘Lula-Nelson Mandela’. Acho que o Lula sai com esta disposição e fará um contraponto ao Bolsonaro, que carrega um discurso de ódio e intolerância”, projeta Paulo Pimenta.

Em entrevista ao Esfera Pública, da Rádio Guaíba, o presidente estadual do PT também disse considerar que a sociedade ampliou o espectro político e passou a defender “um julgamento justo” para Lula após a série de denúncias realizadas pelo PT, somadas a reportagens do site The Intercept e da aceitação do ex-juiz Sérgio Moro de passar a ser ministro da Justiça. Com essa “mudança dos ventos”, Paulo Pimenta afirmou ser possível que o ex-presidente entre, novamente, no páreo político.

“Em novembro, se o Supremo reconhecer que o Lula não teve direito a um julgamento justo, se abre a possibilidade de um novo julgamento, onde Lula recupera de maneira plena seus direitos políticos. Daí não teremos apenas o Lula Livre, teremos o Lula presidente porque, sem dúvida alguma, ele se recoloca no cenário político do país, mudando, inclusive, o cenário das eleições de 2020”, estima Paulo Pimenta.

No STF, o ministro Gilmar Mendes já adiantou que pretende levar para julgamento, ainda em novembro, o habeas corpus em que a defesa do petista acusa o ex-juiz federal Sergio Moro de atuar com parcialidade ao condenar Lula no caso do triplex do Guarujá. O caso começou a ser discutido na 2ª Turma, em dezembro do ano passado. Na época, o relator da Lava Jato no Supremo, ministro Edson Fachin, e a ministra Cármen Lúcia votaram contra o pedido de liberdade de Lula. A discussão acabou interrompida por um pedido de vista de ministro Gilmar Mendes. Além dele, ainda devem se posicionar os ministros Ricardo Lewandowski e Celso de Mello. Todos eles votaram por derrubar a possibilidade de prisão de condenados em segunda instância.

Pimenta adiantou ainda que o petista deve solto, nesta tarde, e atender a militância em Curitiba. Em seguida, conforme Pimenta, Lula ruma para casa em São Bernardo do Campo, onde fica ao lado da família recebendo amigos e lideranças políticas.

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