PSL suspende cinco deputados federais bolsonaristas da atividade partidária

Em meio à crise interna, sigla também aumentou o número de integrantes do partido com direito a voto nas decisões

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil / CP Memória

Em uma investida contra o grupo bolsonarista, a cúpula do PSL decidiu nesta sexta-feira aumentar o número de integrantes do partido com direito a voto nas decisões da sigla e suspender cinco deputados federais das atividades partidárias alinhados ao presidente Jair Bolsonaro, reduzindo as chances de o deputado Eduardo Bolsonaro (SP) se tornar líder da legenda na Câmara. O Diretório Nacional do partido barrou o gaúcho Bibo Nunes, Carla Zambelli (SP), Filipe Barros (PR), Alê Silva (MG) e Carlos Jordy (RJ). Com a suspensão, eles não podem mais participar de comissões na Câmara dos Deputados nem exercer cargo de líder, vice-líder ou posto de comando nos diretórios municipais, estaduais e nacional da sigla.

A expulsão da sigla pode ser o próximo passo, a exemplo do que ocorreu com o deputado Alexandre Frota, hoje no PSDB, cujo pedido de desfiliação partiu de Zambelli. As decisões foram anunciadas pelos líderes do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), e no Senado, Major Olimpio (SP), após reunião da direção nacional da legenda em um centro empresarial de Brasília.

De acordo com Coronel Tadeu, com a suspensão, a assinatura desses parlamentares em listas para indicar um líder na Câmara não vai ter validade. O movimento visa a enfraquecer as chances de Eduardo Bolsonaro ser colocado na função. “Esse é o efeito imediato. Se eles tentarem montar uma lista, perderam cinco votos”, afirmou.

Além disso, o partido aumentou de 101 para 153 o número de filiados com direito a voto em reuniões nacionais – os chamados convencionais -, incluindo, entre os novos, 34 detentores de mandato parlamentar. A maioria do grupo é alinhada com o presidente nacional da legenda, Luciano Bivar. A mudança amplia o poder de Bivar, que trava uma disputa interna com o presidente Jair Bolsonaro sobre os rumos da sigla.

A deputada Joice Hasselmann (SP) chegou a defender que o partido comece a discutir a expulsão de deputados que estão atacando a cúpula da legenda. “A porta da rua é serventia da casa”, afirmou. Ela defendeu que um dos alvos seja o deputado Daniel Silveira (RJ), que gravou o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO), afirmando que pretendia “implodir” Bolsonaro.

Eduardo e Flávio

Outro movimento para diminuir a força de Jair Bolsonaro no partido envolve articular a destituição de Eduardo e Flávio Bolsonaro, filhos do presidente da República, dos comandos do PSL em São Paulo e no Rio de Janeiro, respectivamente. A decisão deve ser sacramentada após aliados de Bivar nos dois estados formularem uma proposta de substituição das Executivas estaduais do PSL. A sugestão deve ser formalizada, na terça-feira, à direção nacional.

Conciliação

Ao longo da reunião, houve tentativas de conciliação, mas, sem efeitos práticos. O grupo pró-Bolsonaro propôs um acordo para que deputados possam deixar a legenda sem o mandato, mas a cúpula rejeitou a tentativa. “Se estão cuspindo no prato do partido, que pulem do 17º andar para o precipício. O mandato é do partido”, afirmou o líder do PSL na Câmara, Delegado Waldir (GO).