Um décimo da população concentra 43% dos rendimentos no País

Aumento da concentração de renda no Brasil foi retomado a partir de 2016

Renda dos mais pobres diminuiu nos últimos anos | Foto: Samuel Maciel / CP

A desigualdade social voltou a crescer no Brasil e a renda se tornou mais concentrada a partir de 2016. Esse é o cenário mostrado pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua) Rendimento de Todas as Fontes 2018 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada nesta quarta-feira.

Os 10% mais ricos concentravam 43,1% dos rendimentos no ano passado enquanto os 10% mais pobres detinham 0,8% da massa de ganhos. A pesquisa mostrou que a massa de rendimento médio mensal real domiciliar per capita, que era de R$ 264,9 bilhões em 2017, cresceu para R$ 277,7 bilhões em 2018.

A Pnad ainda mostrou que os mais pobres passaram a ganhar ainda menos e o oposto foi observado entre a parcela mais rica da população. De 2017 para 2018, as pessoas que faziam parte dos 30% que recebiam os menores vencimentos tiveram redução no rendimento médio na ordem de 0,8%. Por outro lado, aqueles que faziam parte faixa mais elevada tiveram aumento de 8,4% no ganho médio, passando de R$ 25.593 para R$ 27.744.

O rendimento médio mensal real do 1% da população com maiores ganhos era de R$ 27.744, o que corresponde a 33,8 vezes a renda dos 50% que recebem menos no País – média de R$ 820. A faixa mais pobre da população, em condição de miséria, em 2018 recebia R$ 153 ao mês.

“Aqueles 30% que tinham os menores rendimentos observaram redução em relação a 2017 nesse rendimento médio”, disse a gerente da Pnad, Maria Lúcia Vieira.

Impacto do Bolsa Família

A pesquisa mostra que a diminuição da oferta de benefícios como o Bolsa Família pode ter relação com o aumento da desigualdade social. No Brasil, 13,7% dos domicílios recebiam, em 2018, dinheiro referente ao programa enquanto a proporção foi de 15,9% em 2012. Nas regiões Norte e Nordeste, 25,4% e 28,2% dos domicílios recebiam o benefício, em 2018.

O Benefício de Prestação Continuada (BPC) era recebido por 3,6% das famílias no ano passado, 1 ponto percentual acima da proporção observada em 2012. As regiões Norte e Nordeste novamente apresentaram os maiores percentuais (5,7% e 5,4%, respectivamente).

O acesso a serviços básicos nos domicílios que recebiam algum programa também era diferente daqueles que não recebiam. Entre aqueles com o Bolsa família, 71,7% tinham abastecimento de água de rede geral; 37,6% tinham esgotamento sanitário e 75,7% tinham coleta de lixo. Os valores para os domicílios que não recebiam Bolsa Família eram todos maiores, em particular o que se refere ao acesso a esgotamento sanitário (70,9%).