Trabalhadores do Imesf fazem apelo por diálogo em novo protesto em Porto Alegre

Grupo de manifestantes se reuniu em frente ao Centro de Saúde Modelo

Foto: Guilherme Kepler / Rádio Guaíba

O Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) começou uma nova greve de três dias na manhã desta quarta-feira em Porto Alegre. Está prevista para sexta-feira uma assembleia para definir os próximos passos que serão dados. “Se o prefeito não demover, não está descartada a ideia de provocarmos uma paralisação por tempo indeterminado. Se não dá para conversar, vamos tentar por outros meios para que o prefeito Nelson Marchezan Júnior se sensibilize”, enalteceu o presidente eleito do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde (Sindisaúde), Julio Cesar Jesien.

Mesmo com chuva, um grupo de servidores realizou uma concentração em frente ao Centro de Saúde Modelo, no bairro Santana. De lá seguiram em caminhada até a sede do Poder Executivo. Como explicou Jesien, diretamente são afetadas entre 48 e 55 unidades de saúde de toda a Capital, dado obtido através de levantamento feito em redes sociais. Ele esclareceu que o intuito não é fechar unidades, mas provocar a adesão dos colaboradores ao movimento. “O fechamento do local pode acontecer, principalmente naquelas que são formadas unicamente por funcionários do Imesf. Quando metade não tem como atender”, destacou.

Jesien reforçou que é a gestão que fecha as portas e remaneja a equipe. A greve, segundo ele, tem o estopim na forma com que o prefeito anunciou o possível fim do Imesf. “Em momento algum abriu diálogo. No nosso ponto de vista não está dado o fim do Instituto porque ainda não há trânsito em julgado”, explicou. De acordo com ele, o primeiro ato organizado pelo grupo reuniu cerca de três mil pessoas – incluindo representantes da comunidade – que foram até a Câmara de Vereadores. Depois, foram os três primeiros dias de paralisação para tentar sensibilizar o poder público.

Encontro em Brasília

O representante do Sindisaúde-RS participará hoje, em Brasília, de uma audiência no Supremo Tribunal Federal (STF), com a ministra Rosa Weber, para tratar do assunto. “Sabemos que há solução sem caos. A prefeitura entrou na quinta-feira com embargos contra a decisão do STF, respaldando o que os sindicatos vinham dizendo desde o início: há várias saídas possíveis, desde que haja vontade política”, detalhou. Segundo ele, a prefeitura entrou com embargos declaratórios quanto à decisão do STF sobre o instituto. Essa situação pode significar que a decisão judicial sobre o fim do Imesf será adiada, dando tempo para que saídas sejam construídas entre os três poderes, sindicatos, trabalhadores e usuários. O documento que oficializa os embargos têm a assinatura do prefeito e está datado da última quinta-feira.

Novo encontro ocorrerá no dia 22

De acordo com a prefeitura, Marchezan recebeu no Salão Nobre, no início da noite da terça-feira, um grupo de representantes dos 1,8 mil servidores do Imesf. A reunião durou cerca de uma hora. Acompanhado do secretário da Saúde Pablo Sturmer e do adjunto Natan Katz, o prefeito explicou aos servidores como está sendo conduzido o processo de transição do instituto e esclareceu dúvidas a respeito do aproveitamento dos profissionais pelas novas instituições que assumirão as unidades.

O prefeito garantiu aos profissionais que o plano do Executivo é o de ampliar e qualificar o atendimento na atenção primária do município. Também participaram da reunião Ana Maria Frolich Matzenbacher, vice-presidente do Imesf; Thiago Frank, diretor de Atenção Primária em Saúde e o procurador Renato Ramalho. Por outro lado, Jesien garantiu que esses trabalhadores não representam a categoria. “Foi imposto para que eles fossem até esse encontro, para não se indisporem com a gestão participaram do momento, mas é importante lembrar que eles não eram representantes eleitos do Imesf.”

Jesien disse que na semana passada, durante o programa Esfera Pública da Rádio Guaíba, o prefeito alegou que não havia formalização de um pedido de encontro, o que foi feito na última segunda. A prefeitura confirmou o recebimento do ofício de um grupo de sindicatos ligados à Saúde solicitando uma reunião para tratar sobre a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que decidiu pela inconstitucionalidade da lei que criou o instituto. O encontro está marcado para a terça-feira, 22, com representantes do Sindicato dos Profissionais de Enfermagem, Técnicos, Duchistas, Massagistas e Empregados em Hospitais e Casas de Saúde do Rio Grande do Sul (SindiSaúde/RS), Sindicato dos Enfermeiros no Estado do RS (Sergs), Sindicato dos Odontologistas no Estado do RS (Soergs) e Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde do Estado do RS (Sindacs).