Justiça autoriza quebra de sigilos fiscal e bancário de André Carús

Em liberdade, vereador garante que vai comprovar inocência. Emedebista é suspeito de forçar assessores a contrair empréstimos e, com o dinheiro, saldar dívidas pessoais

Foto: Débora Ercolani / CMPA / Divulgação

A Justiça de Porto Alegre acatou pedido da Polícia Civil e autorizou a quebra dos sigilos fiscal e bancário do vereador licenciado André Carús (MDB). Ao acessar as movimentações financeiras, a investigação pretende cruzar os dados e fazer avançar a apuração da suspeita de que o parlamentar tenha extorquido assessores. Na semana passada, Carús prestou depoimento, por três horas. O conteúdo não é revelado pela Polícia. O inquérito deve ser concluído em um mês. Apenas um suspeito, preso na segunda fase, ainda permanece detido.

Desde quinta-feira, o emedebista está em liberdade, após ter ficado dez dias preso. Ele é suspeito de ter ordenado a contratação de empréstimos em nome de assessores para saldar dívidas pessoais. Em uma série de mensagens publicadas no Twitter, Carús afirmou que “os ares da liberdade possibilitarão o esclarecimento da verdade”. O parlamentar ainda pontua que a situação serviu como aprendizado e que mantém “valores e compromissos com a ética e a transparência”.

Conforme o advogado de defesa Jader Marques, o Judiciário fixou medidas cautelares diversas da prisão, dentre as quais a apresentação mensal em juízo para informar e justificar atividades, e a proibição de manter contato com outros investigados e testemunhas enquanto perdurarem as investigações.

O vereador também fica proibido de exercer a função pública, comparecer à Câmara e se ausentar da cidade pelo prazo superior a 30 dias, sem prévia autorização judicial. A decisão também proíbe Carús de se ausentar do País, até o fim das investigações.

Além disso, Jader Marques confirmou que a equipe do parlamentar contraiu empréstimos para ajudá-lo a sair de uma “situação de dificuldade financeira”. O advogado garantiu, no entanto, que “esses valores foram tomados por livre e espontânea vontade, sem intervenção do político.”

A defesa, no entanto, teve pedido negado pela Justiça para tentar levar o processo para o Supremo Tribunal Federal (STF). Jader Marques pretendia buscar guarida no foro privilegiado ao remeter a ação à Suprema Corte. A brecha encontrada envolvia atos de uma ex-servidora de Carús, que expôs o caso, mas que em outro processo citou o deputado federal Márcio Biolchi (MDB). Reeleito para a Câmara Federal, Biolchi detêm prerrogativa de foro, o que levou o caso que o cita para o STF.

Em função da prisão, o parlamentar pediu licença, por tempo indeterminado, da Câmara de Porto Alegre. O vereador suplente Delegado Cleiton (PDT) já tomou posse.