Cpers chama de “proposta de morte” plano com alterações na carreira do Magistério

Professores advertem que diferença de salário, entre o início e o fim da carreira, pode cair de 200% para 52%

Foto: Alina Souza/CP

Depois de analisar, superficialmente, as alterações sugeridas pelo Executivo no plano de carreira dos professores estaduais, o Cpers Sindicato classificou a proposta como “nefasta, nociva e de um arrocho quase inacreditável”. Justamente no Dia do Professor, a categoria que representa o Magistério teve acesso ao texto elaborado pelo governo estadual. A presidente do Sindicato, Helenir Schürer, frisou que a reforma administrativa não passa de uma “proposta de morte”. Ela se manifestou em uma coletiva de imprensa realizada, no início da tarde, na Praça da Matriz. “Usar o Dia do Professor para começar a pagar o salário do mês que mais atrasou parece um deboche. É uma proposta de morte”, lamentou.

Conforme o Cpers, no atual plano de carreira do Magistério, a diferença do salário básico entre o topo e o início da carreira é de 200%. Já a proposta do governo Eduardo Leite prevê apenas 52%. Entre o nível médio e o doutorado, sem alteração de classe, o Piratini prevê apenas 7% de aumento.

Para efeito de comparação, a diferença entre o topo e o início da carreira em outros estados é de 364%, no Paraná, 291% em Minas Gerais, 266% no Ceará e 183% em São Paulo.

Além da desconformidade em relação a outras regiões do país, o Cpers adverte para o fim de direitos e vantagens com a finalidade de pagamento do piso nacional em uma carreira achatada, reajuste zero por tempo indeterminado e mudanças na contribuição de professores para Previdência. O texto prevê alíquotas de 5% a 14% para aposentados que recebem acima do teto, e algum tipo de contribuição, inclusive, para professores que recebam um centavo acima do salário-mínimo – hoje em R$ 998.

Ao traçar um paralelo com as propostas apresentadas pelas gestões passadas, a presidente do Cpers se disse “incrédula” com o conteúdo do pacote. É quase impossível a gente acreditar que alguém tenha desenvolvido um projeto desses. Falta até humanidade. Todo o Rio Grande do Sul sabe a precariedade em que vive a nossa categoria e foi apresentada somente a proposta de retirar mais de quem não tem nada. Beira a incredulidade”, declarou.

Helenir reforçou ainda que o Magistério entra em greve 72 horas depois de o projeto ser protocolado na Assembleia. De acordo com a professora, a categoria está unida e não vai aceitar a perda de direitos hoje em vigor. Descrente de que o Executivo possa rever itens do texto, ela confirmou que vai entregar uma contra-proposta ao governador, no próximo dia 21. Também ressaltou que vários pontos inconstitucionais já foram diagnosticados no texto e que, por, isso o Poder Judiciário vai ser provocado.

Piso

A presidente do Cpers ainda classificou as alterações no Plano de Carreira como “uma forma desumana de fazer caixa” para o Estado e disse que, na prática, os projetos fazem com que os servidores paguem o próprio salário. “Jamais digam que o governador Leite pagou o piso [nacional] para o Magistério do Estado do Rio Grande do Sul, porque não é verdade, quem vai pagar o seu próprio piso é o professor”, afirmou.

Helenir também criticou pontos como a restrição do difícil acesso a para escolas do campo, a redução ou extinção do abono permanência e fim do abono de falta para participação em atividades de natureza sindical.