Em greve há três dias, servidores do Imesf decidem hoje continuidade da paralisação

Por falta de diálogo com o executivo, servidores devem optar pela manutenção da greve

Foto: Alina Souza / CP

Prevista para encerrar nesta sexta-feira, a greve dos servidores do Instituto Municipal de Estratégia de Saúde da Família (Imesf) deverá ter continuidade nos próximos dias. A manutenção pela paralisação será discutida em assembleia da categoria no início da tarde de hoje.

Conforme o presidente do Sindisaúde-RS, Júlio Jesien, os servidores entendem que enquanto o executivo não abrir diálogo com a categoria, a mesma manterá a greve. “Muito provavelmente não será o último dia de greve. A gente já teve uma consulta com os trabalhadores e já havia uma manifestação da continuidade enquanto não houver a disponibilidade do prefeito de fazer a conversa. Enquanto eles criarem esse embate de que com a greve não tem conversa, vamos continuar com a greve. Porque quem provocou a greve não fomos nós. Por conta disso, nós vamos sair da greve quando eles abrirem as portas para conversas”, afirma o sindicalista.

A greve do Imesf teve início na última quarta-feira e tinha previsão de duração de 72 horas. Dezenas de unidades de saúde atendidas pelo Imesf ficaram totalmente fechadas durante a paralisação. Nesta manhã, 27 unidades tiveram atendimento afetado conforme balanço parcial da Secretaria Municipal de Saúde. Desse número, 17 unidades ficaram totalmente fechadas e outras 10 com funcionamento parcial. A estimativa da pasta é que 86 mil pessoas foram prejudicadas com as unidades fechadas e 54 mil foram afetadas devido ao atendimento parcial.

De acordo com o paciente da unidade, Luiamar Kissel, 44 anos, morador há 15 anos no local, é a primeira vez que a Unidade Vila Gaúcha, no bairro Santa Tereza, fica tanto tempo sem atendimento. “É complicado, quando preciso ir a um médico agora estou me deslocando até o posto da Cruzeiro. Pego duas conduções para ir e outras duas para voltar”, disse. Segundo ele, há dias que a unidade abre, mas não há frequência, desde que a paralisação iniciou. “Sofremos nós, comunidade, que precisamos tanto do serviço.”

Para o serviços gerais, Deoclécio Roza, 51, a prefeitura teria que repor os profissionais. “A população daqui já é sofrida, agora não tem saúde. Tem gente idosa que não consegue sair de casa sem auxílio”, salienta. Segundo ele, o problema está longe de ter um fim. “Precisamos de saúde, junto com segurança e educação, nós não podemos ser esquecidos pelo poder público.”

Unidades fechadas na manhã desta sexta-feira:

US ALTO EMBRATEL
US BATISTA FLORES
US ESPERANCA CORDEIRO
US JARDIM PROTASIO ALVES
US LAMI
US MATO SAMPAIO
US MILTA RODRIGUES
US PASSO DAS PEDRAS II
US RINCAO
US SAFIRA NOVA
US SANTA MARIA
US SAO PEDRO
US TIMBAUVA
US VILA BRASILIA
US VILA PINTO
US VILA SAFIRA
US WENCESLAU FONTOURA

Greve x Diálogo

O secretário municipal da Saúde, Pablo Stürmer, afirmou em entrevista à Rádio Guaíba, que não vai haver diálogo com funcionários ligados ao Imesf enquanto unidades de saúde estiverem fechadas à população. “Nós não fomos procurados para conversar, mas enquanto os serviços estiverem paralisados não há possibilidade de acordo”, disse.

Greve do Imesf: entenda o caso

O Instituto Municipal da Estratégia de Saúde da Família existe desde 2011, após um projeto da Prefeitura ser aprovado na Câmara de Porto Alegre. À época, o Conselho Municipal de Saúde alertou para a inconstitucionalidade da medida. O Supremo Tribunal Federal (STF) endossou esse entendimento em 2019, após processo movido por representações sindicais contra o formato do instituto. As entidades de classe entendem que a Prefeitura de Porto Alegre não buscou soluções viáveis para a questão em tempo hábil.

O Imesf conta com 1.840 trabalhadores celetistas, aprovados em concurso público. Entretanto, não são considerados servidores por não possuírem vínculo com o serviço público municipal. Na prática, eles são trabalhadores contratados pela Prefeitura após processo seletivo público, o que embasa o entendimento de que a lei que criou o Imesf é inconstitucional.