Mulheres do agro: conheça histórias de quem comanda o campo

Confira os relatos de pioneirismo, recomeço, sucessão e posicionamento empresarial

Divulgação CNMA.

O 4º Congresso de Mulheres do Agro (CNMA), que aconteceu nos dias 8 e a 9 de outubro em São Paulo, reuniu 1,9 mulheres com diferentes histórias de vida. Além delas, as empresas presentes focaram suas iniciativas no papel da mulher e a liderança feminina no setor. O evento também contou com a formatura da primeira turma da Academia de Liderança das Mulheres do Agronegócio.

A Rádio Guaíba esteve presente no CNMA e conversou com algumas dessas mulheres do agro: fazendeiras e diretoras de empresa.

Pioneirismo 

Zila Silva de Melo foi a primeira agropecuarista do Tocantins. “Sou uma produtora rural de soja, milho e gado, comprei a fazenda no Tocantins em 1978 e comecei a trabalhar em 1994. Antes, eu era advogada em Santo Ângelo (RS) e decidi descer do salto e calçar a botina. É uma experiência maravilhosa, a fazenda é uma das expoentes do Tocantins”.

A produtora destaca que sua mudança de vida começou com o ex marido: “ele comprou a metade de uma fazenda de 10 mil hectares. A outra metade acabou ficando. Depois, o dono queria vender. Eu tinha algum dinheiro do escritório e comprei. Quando nos separamos, me mudei para lá e fui a primeira agropecuarista do Tocantins. Hoje, a fazenda está muito bem, produzindo muito”.

Apesar da época, ela disse que foi bem recebida ”eu era a única mulher lá. Quando cheguei e fiz uma reunião, o pessoal era muito simples, dizia ‘sim, senhora’, depois perguntaram o que eu tinha falado, não tinham entendido. Mas, fui super bem acolhida. Naquela época chegamos para fazer a abertura das terras”.

Recomeço

Leidiane Klimann precisou assumir a fazenda da família, também no Tocantins, após uma tragédia familiar.

“Há sete meses, de paraquedas, eu tive que assumir os negócios. Meu marido faleceu e me deixou com três filhos. Nós trabalhamos com lavoura e pecuária, plantamos soja e milho. Eu fazia o comercial da fazenda, hoje administro tudo. Faço especialização em gado de corte, algo fora da minha área. Na época, eu era assistente social concursada e de repente tudo mudou. Hoje, eu sou mãe, produtora e toco projetos paralelos. Eu falo sempre, quando as pessoas dizem que sou forte, que a minha força sou eu mesma. A força veio quando me olhei no espelho e não tinha mais ninguém”.

mulheres do agro
Zila e Leidiane./ Foto: Jéssica Moraes./Rádio Guaíba.

Sucessão

A advogada Lu Romancini foi chamada pelo pai para fazer a sucessão do comando da empresa, a Romancini Troncos e Balanças.

“Nós planejamos uma sucessão em vida. Meu pai queria um sucessor, não um herdeiro. Somos em três irmãos, minha irmã não gostou da dinâmica da empresa e meu irmão é médico. Depois de 20 anos fora da minha cidade, voltei. Eu sou da área do direito, fiz mestrado, dava aula. Há três anos cheguei na empresa e vi uma série de problemas. Eu comecei a implementar processos e controles. Em um ano, diminuí as despesas em 17%, aumentei a margem de lucro de 6% para 14% e aumentei faturamento em 10%. Nosso lucro praticamente dobrou. Eu consegui tudo isso sem ter conhecimento específico da área”.

Lu Romancini assumiu a empresa./ Foto: Jéssica Moraes./ Divulgação.

Livro

A força da mulher no agro motivou quatro executivas a contar histórias do movimento. O livro “Mulheres do agro: inspirações para vencer desafios dentro e fora da porteira” reúne cerca de 50 relatos. Andrea Cordeiro, uma das co-autoras, conta mais sobre a ideia.

“O livro foi lançado aqui no Congresso, foram nove meses de produção. É um livro pioneiro, não existia nenhum livro que falasse de mulheres do agro. São nove capítulos em que ilustramos a mulher do agro na política, nas finanças, dentro e fora da porteira. Poder dar voz as histórias de superação, de construção de legado, fez todo sentido pro nosso grupo. Somos quatro autoras com o mesmo propósito”.

Yara Brasil Fertilizantes

Lucied Marques, Gerente Sênior de Marketing Yara, fala sobre as iniciativas da empresa no contexto das mulheres.

“Estamos no congresso e sabemos que as mulheres dominam o mercado, e cada vez mais a agricultura. Hoje, na Yara, temos programas internos de diversidade e inclusão. Dentro da jornada do cliente sabemos que a mulher precisa ser tratada de maneira diferente. Temos, dentro da empresa, mulheres em licença maternidade que foram promovidas. Isso me toca muito, eu venho de outra indústria e quando voltei da licença, fui desligada. Ter essas histórias para contar é muito especial”.

FMC

A Gerente de RH da FMC Corporation, Cintia Valentim, enfatiza a inclusão das mulheres na empresa.

“Nós, através dos núcleos de diversidade e inclusão, temos um direcionamento nas mulheres. Esse núcleo promove informações e encontros para empoderar a mulher. Além disso, nosso trabalho tem sido feito com toda organização, inclusive com os gestores. Os homens precisam entender, e tem feito de maneira enfática, o quanto a mulher contribuí para o ambiente. São diversidades de pensamentos e gerações. Buscamos sempre mulheres para o time. Na FMC temos objetivo de ter 50% de mulheres. Com muita frequência os gestores me apresentam candidatas mulheres. Precisamos incluir uma nova forma de pensar nas equipes”.

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