Rio: perícia vai comparar armas de PMs com fuzil que matou menina Agatha

No decorrer da semana, polícia marca a data da reconstituição do disparo

menina Ágatha
Foto: Reprodução

A Polícia Civil vai enviar à perícia as armas dos policiais militares que faziam patrulhamento, na noite de sexta-feira, no Complexo do Alemão, zona norte do Rio de Janeiro. O objetivo é esclarecer se partiu do efetivo da PM o tiro de fuzil que matou a menina Agatha Vitória Sales Félix. A criança tinha 8 anos e foi atingida nas costas dentro de uma Kombi em circulação. As informações foram divulgadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Agatha chegou a ser levada para o hospital, mas não resistiu e morreu na madrugada desse sábado. A Polícia Militar alega que os agentes haviam sido alvo de criminosos, mas parentes da menina e testemunhas relataram que não houve confronto e que os policiais atiraram contra uma moto, com dois homens a bordo, que passou pelo local.

As armas dos policiais militares passarão por confronto balístico com o projétil retirado do corpo da vítima no Instituto Médico Legal. De acordo com a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), familiares de Agatha Félix já prestaram depoimento nesse sábado. Mais testemunhas devem ser ouvidas a partir desta segunda-feira.

No decorrer da semana, a polícia marca a data da reconstituição do disparo que vitimou Agatha. Sob mais um protesto da comunidade, a menina teve o corpo sepultado neste domingo, no cemitério de Inhaúma, na zona Norte do Rio.

Polícia matou mais de 1,2 mil desde janeiro

A morte de Agatha causou comoção e motivou críticas de entidades à política de segurança pública do governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel (PSC). A Defensoria Pública do Estado condenou a “opção pelo confronto”, enquanto a seção Rio da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-RJ) destacou o “recorde macabro” de 1249 pessoas mortas pela polícia no estado de janeiro a agosto.

O assunto também mobilizou a internet. A hashtag a “A culpa é do Witzel” figurou entre as mais citadas no ranking do Twitter Brasil ao longo do dia de sábado.

Comunidade protesto e PM lança nota oficial

Moradores, parentes e amigos da família de Agatha participaram de um protesto contra a violência policial nas comunidades do Complexo do Alemão.

Em nota, a Polícia Militar do Rio lamentou a morte da menina e manteve a versão de que os agentes apenas revidaram a uma agressão de criminosos “quando foram atacados de várias localidades da comunidade de forma simultânea”.

No entanto, a Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) comunicou a abertura de “um procedimento apuratório para verificar todas as circunstâncias da ação”.