Frente Negra Gaúcha busca representatividade política para afrodescendentes

Frente Negra Gaúcha busca mudar cenário no Estado, que não tem representantes negros no parlamento da Assembleia Legislativa

Busca de protagonismo é meta da Frente Negra Gaúcha, com apoio a partidos alinhados
Busca de protagonismo é meta da Frente Negra Gaúcha, com apoio a partidos alinhados | Foto: Fabiano do Amaral/Correio do Povo

A pouca representatividade negra nos cargos de poder é um tema recorrente entre estudiosos e movimentos sociais. O problema de representatividade pode ser confirmado ao analisar os cargos políticos do estado, mesmo representando 18,2% da população gaúcha, a Assembleia Legislativa não tem nenhum deputado negro. Na Câmara de Vereadores da Capital o quadro é um pouco diferente, já que há uma vereadora negra, mas que assumiu o cargo após a titular ser eleita deputada federal. Incomodados com este cenário, um grupo de cerca de 60 pessoas criou a Frente Negra Gaúcha.

O grupo se formou há três meses, e de acordo com seus criadores pretende atuar de forma suprapartidária na formação política visando colocar pessoas afrodesencentes em cargos de poder. O lançamento oficial da Frente está marcado para o dia 16 de novembro, quando começa a Semana da Consciência Negra. A proposta é atuar com candidatos de diferentes partidos, desde que estejam alinhados com as pautas da Frente.

Com poucos representantes, e por vezes nenhum, representante as pautas negras acabam ficando sem destaque nos parlamentos e mesmo nas políticas públicas. Demonstração disso é o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH) de Porto Alegre, que aponta a cidade mais desigual do país quando comparadas as populações negras e brancas da cidade. Enquanto o índice é de 0,705 entre os negros, os brancos têm um IDH Municipal de 0,833. Quanto mais próximo de 1, melhor o desenvolvimento humano da população.

Criação da Frente Negra Gaúcha

Maria Cristina Santos, diz que foi “da indignação” que nasceu a ideia da Frente, da qual ela é uma das conselheiras. “A comunidade negra não estava satisfeita com o fato de não sermos protagonistas”, explica. Cristina destaca que mesmo nos partidos com núcleos negros, as pessoas que ocupam cargos de destaque e comando ainda são predominantemente brancas. Para Cristina, para que “políticas públicas sejam feitas é necessário ter a representatividade.”

Coordenador da Frente Negra, João Carlos Almeida deixa claro que a atuação visando a eleição de negros já deve iniciar em 2020. A ideia do grupo é apoiar candidaturas de pessoas que, além da cor, também se identifiquem com as pautas dos movimentos como, por exemplo, as ações afirmativas. “A gente sempre sofreu dificuldade de representação e de organização e queremos mudar isso. A tendência é crescer em número de pessoas a partir do lançamento oficial.” Até agora, foram feitas 12 reuniões que debateram as estratégias. Entre elas, estão ações de formação em periferias, escolas de samba, clubes de futebol e outros lugares que são historicamente ocupado por negros.