Esfera Pública: Temer fala que Bolsonaro dá sequência ao governo dele

Emedebista também negou ter assumido que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) tenha sido vítima de golpe

O ex-presidente Michel Temer (MDB) avaliou como positivo o governo de Jair Bolsonaro (PSL), durante o programa Esfera Pública desta quinta-feira. “Tem um lado muito positivo porque está dando sequência a tudo o que fizemos no nosso governo. Eu tinha preocupação em relação a interrupções ao que vínhamos fazendo”, disse Temer, citando como exemplo a reforma da Previdência, que já vinha sendo debatida na gestão anterior.

Para Michel Temer, os nove meses de governo não são suficientes para uma avaliação mais profunda. “O governo Bolsonaro tem sete ou oito meses. Se comparar com um jogo de futebol de 90 minutos, significa 20% do jogo. Precisa esperar o fim do jogo. É preciso dar mais tempo ao tempo. A minha torcida é pelo governo dele, porque eu torço pelo Brasil. É muito cedo para uma avaliação definitiva”, defendeu.

Golpe

Temer negou ter assumido que a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) tenha sido vítima de golpe em entrevista ao programa Roda Viva da TV Cultura, no início da semana. Na ocasião, ele disse: “Eu jamais apoiei ou fiz empenho pelo golpe, aliás muito recentemente a Folha [de S.Paulo] detectou um telefonema do Lula para mim em que ele pleiteava trazer o PMDB para impedir o impedimento e eu tentei, mas a essa altura a mobilização popular era tão intensa que os partidos já estavam vocacionados para o impedimento”. Temer prosseguiu, dizendo que “esse telefonema mostra que até o último momento eu não era adepto do golpe”.

Ao Esfera Pública desta quinta-feira, Temer disse que a fala foi tirada de contexto. “Digo que jamais participei da questão do impedimento. Toda a minha fala não era em relação ao golpe propriamente dito. Eu nunca trabalhei para derrubar a presidente Dilma. É um equívoco. É a tal da frase fora do contexto”, argumentou.

Ainda sobre o impeachment de Dilma, que o colocou no cargo de presidente, Temer comentou que “o julgamento politico não é como o jurisdicional. O que sei daquela época, é que tinha mais de 20 pedidos de impedimento. Havia alguns que tinham dados muito graves”.

Michel Temer sobre o MDB

Segundo Temer, é injusto dizer que o MDB é fisiológico: “Muitas vezes não tem condições de lançar candidato e é chamado para participar do governo. Não indica fisiologia. É você ter o Congresso como seu parceiro”, avaliou. 

Sobre uma possível indicação do MDB ao pleito de 2022 para a presidência da República, Temer lembrou estar afastado da atividade política, mas projetou que o partido não deva adotar um papel de protagonista. “O MDB adota as teses compatíveis com a necessidade do país. Acho que é esse o papel que o MDB exerceu ao longo do tempo e exerceu bem”, disse.

Vazamentos do The Intercept Brasil

“Não quero pessoalizar as coisas. Na área jurídica o juiz tem que ser imparcial. Se a gravação é correta ou não, não entro nesse mérito. Mas se o juiz passa a falar faça isso e não faça aquilo, ele passa a ser imparcial. Temos que cumprir a constituição”, disse Temer sobre os vazamentos de mensagens do atual ministro da Justiça Sérgio Moro, pelo site The Intercept Brasil.

Sobre a prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Michel Temer preferiu não se manifestar, alegando “não conhecer o processo”.