Ex-candidato à Presidência da República, Guilherme Boulos (PSol) afirmou nesta terça-feira, em passagem por Porto Alegre, que vem trabalhando permanentemente pela composição de uma frente ampla de esquerda no país para oposição ao governo federal e proposição de uma agenda de recuperação social do Brasil.
“O bolsonarismo é destrutivo. Ataca direitos sociais sob a justificativa do impulso ao desenvolvimento. Desregulamentar o trabalho para promover confiança entre investidores não passa de uma abstração. Não existe desenvolvimento em uma sociedade sem a partilha das riquezas através da valorização do trabalho e sem um Estado forte e capaz de fazer investimentos para impulsionar a economia e o setor privado”, qualificou.
Boulos realizou palestra à tarde na Ufrgs. Antes, concedeu entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba, onde debateu temas da atualidade com o deputado estadual Fábio Ostermann (Novo). Para Boulos, a população brasileira já identifica os prejuízos constituídos pela agenda política implementada após o afastamento da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).
“Em 2016, foi a emenda 95, que limita o investimento público por 20 anos, traria a recuperação da economia e não o fez. Em 2017, veio a reforma trabalhista, que iria gerar 4 milhões de empregos e nada aconteceu após quase dois anos. Em 2018, a campanha do Jair Bolsonaro que dizia: o brasileiro tem que escolher se quer direitos ou empregos. Agora, uma reforma da Previdência, que prometia atacar privilégios, mas cobra mais de 80% de seus efeitos dos aposentados pelo regime geral, que ganham em média R$ 1,4 mil, e que terá como principal resultado o empobrecimento da população. É hora de enfrentar esta agenda equivocada em uma frente política formada por partidos, movimentos sociais e cidadãos”, apontou.
Questionado sobre a viabilidade da composição de uma frente política que repercuta em alianças eleitorais competitivas no campo de centro-esquerda, Boulos sustentou que isso é possível “desde que os partidos não coloquem seus interesses e projetos à frente das necessidades da sociedade brasileira”. Segundo ele, para que isso ocorra, terão de ser superadas “ressentimentos e inclinações ao hegemonismo”.