Capacitação e agroindustrialização são alternativas para propriedades leiteiras

Mais de 20 estações técnicas no Dia de Campo do Leite são apresentadas como estandes de feiras agropecuárias, aonde o visitante usou sua liberdade de escolha e interesse.

Inovação desta edição foi o formato do evento durante todo o dia os estandes ficaram à disposição dos visitantes. Cada um fez a sua escolha ao tema que mais lhe chamou a atenção. - Foto: Paulo Lanzetta

Com a circulação de 350 pessoas, durante todo o dia, desta quinta-feira, 12 de setembro,na Estação Experimental de Terras Baixas (Capão do Leão,RS) da Embrapa Clima Temperado, se realizou a 8ª edição do Dia de Campo do Leite, evento institucional da Empresa, que trouxe como novidade uma nova forma de apresentação de tecnologias voltadas ao desenvolvimento da produção leiteira. O evento contou com 20 estandes técnicos à disposição do visitante, permitindo liberdade de escolha do participante, em qualquer momento saber mais sobre as seis áreas temáticas: Vitrine de Forrageiras, Qualidade do Leite, Manejo e Cria de Terneiras, Boas Práticas Agropecuárias, Energias Alternativas, Agroindustrialização e Equipamentos. Empresas e instituições parceiras também colocaram estandes à visitação, incluindo, degustação de produtos lácteos.

Esta edição foi pensada para que o produtor e visitante tivesse mais liberdade para buscar os assuntos, dentre as áreas escolhidas pelos promotores e parceiros, então não houveram guias de estações, os participantes realizaram suas próprias visitas e escolhas nas barracas situadas na área central da Estação Experimental, sendo utilizada a vitrine de forrageiras diversificadas, implementada durante a Abertura da Colheita do Arroz.

Segundo o gerente regional da Emater/RS-Ascar, Ronaldo Maciel, a temática central do dia de campo Alternativas ao Tabaco, surgiu de uma chamada pública denominada IEP Tabaco, que congrega seis municípios da Metade Sul (Amaral Ferrador, Arroio do Padre, Canguçu, Pelotas, São Lourenço do Sul e Turuçu), onde a extensão rural junto a pesquisa agropecuária criam alternativas para a produção do tabaco, não de exclusão ou mudança de atividade, mas de apresentar opções ao produtor rural outras atividades a serem agregadas à propriedade. “A maioria dos produtores rurais, aqui na região, atualmente não produzem o fumo exclusivo, mas inserem outras culturas na propriedade para agregar mais renda”, diz Maciel.

O chefe-geral da Unidade local, Clenio Pillon, lembrou aos participantes que o momento do Dia de Campo é de apresentar suas demandas para balizar a pesquisa. “Estamos num momento ímpar de troca de conhecimentos, e essas trocas são tão pertinentes e saudáveis, que nos dias de hoje, por exemplo, ultrapassamos o país vizinho Uruguai, que anos atrás era referência em produção de pastagens, e hoje, nos destacamos com um Programa de Melhoramento Forrageiro que é modelo para o Brasil e para o mundo”, disse Pillon. Ele também lançou um desafio ao público e instituições promotoras de realização, na Estação Experimental da Embrapa, de um evento na mesma envergadura da Abertura Oficial da Colheita do Arroz do RS. “Eu acredito que podemos e temos todo um conhecimento possível de oferecer um evento que envolva todos os elos da cadeia produtiva do leite”, conclamou Pillon.

Destaques da edição do evento

Uma das condições para se trabalhar com a diversificação nas propriedades, foi destacado pela coordenação do Dia de Campo, é qualificar o produtor de leite. Esta tem sido a preocupação da Emater, que oferece cursos para que o bovinocultor de leite invista menos recursos financeiros e tenha retorno de produtividade mais significativos em seu empreendimento rural. “Estamos oferecendo cursos de Pastagens, Inseminação Artificial e um treinamento novo sobre Dieta, que faz com que o bovinocultor de leite ajuste a dieta a base de pasto também ajustado ao rendimento maior dos seus animais. Ele vai entender e saber mais, o que está fazendo, ganhando melhor pelo seu trabalho”, destacou o extensionista da Emater/RS-Ascar e coordenador do Centro de Treinamento de Canguçu (CETAC), Reginaldo Clasen Maciel.

Outra vertente destacada durante o evento, foi o serviço de assistência técnica prestado pela Emater/RS-Ascar para que os produtores que produzem derivados de leite (queijos, doce de leite, iougurtes, requeijão…etc) formalizassem a atividade comercial de sua propriedade rural.“Estamos oferecendo a formalização de agroindustrialização de produtos lácteos para as propriedades rurais, possibilitando que este produtor possa concorrer a chamadas de compras institucionais e mercado privado. Ele vai contar com assistência para elaboração da planta da agroidústria familiar, acompanhamento na propriedade rural, encaminhamento para o licenciamento ambiental e apoio à gestão da propriedade rural”, informou o assistente técnico regional da Emater/RS-Ascar, Renato Cougo dos Santos.

Estações Técnicas

Estação 1 – CETAC – Oferta de cursos de capacitação para o produtor de leite se especializar e obter maiores ganhos em produtividade e renda na propriedade.

Estação 2 – Camalhões de base larga para rotação de culturas – Uso de camalhões de base larga em área de plantas de cobertura de solo (ervilhaca, aveia) para posterior rotação de soja, milho e arroz.

Estação 3 – Produção de silagem com BRS Kurumi e BRS Capiaçu – Uso de cultivares adaptadas as condições da região Sul como a BRS Kurumi para produção de silagem com maior teor proteico e a BRS Capiaçu, resistente aos clostrídios.

Estação 4 – Pastagens Perenes de Verão – Manejo de novas cultivares perenes de verão (Panicuns BRS Zuri, BRS Quenia, BRS Tamani) adaptadas ao frio da região Sul, com três diferentes tamanhos de porte de pastagens, servindo como opção aos vazios forrageiros, com aproveitamento de noves meses do ano.

Estação 5 – Pastagens de Inverno -Alternativas de pastagens para o período de vazio forrageiro na região Sul: Azevem BRS Ponteio, Trigo duplo propósito BRS Pastoreio, Trigo BRS Tarumã, Aveia BRI 39, Aveia Branca URS F Flete, Trevo Persa BRS Resteveiro, Cornichão URS BRS Posteiro.

Estação 6 – Sistema de Integração Lavoura-Pecuária – Utilização de uma área de plantas de cobertura, com gado à pasto, proporcionando o beneficiamento da ciclagem do solo, otimizando recursos de adubação e desenvolvendo ganhos de produtividade no gado de leite.

Estação 7 – Inscrições

Estação 8 – Criação de terneiros– Terneiros do SISPEL são criados, até os seus 60 dias de vida e na fase de recria, destacando a base de alimentação ideal para cada etapa.

Estação 9 –Associação de Criadores de Gado Jersey (RS) – Disponibilização de informações aos interessados sobre a criação de gado Jersey no estado do RS, destacando e promovendo as vantagens que a raça oferece para a produção de leite.

Estação 10 – AFUBRA – Mudas de forrageiras – Apresentação de parte do portfólio da AFUBRA, com foco nas forrageiras utilizadas na produção de leite, como os capins desenvolvidos pela Embrapa BRS Kurumi e BRS Capiaçu.

Estação 11 – BETTIN – agrícola e energia solar – Pela primeira vez participando do evento, apresentou o sistema fotovoltaico, que busca diminuir o consumo de energia elétrica nas propriedades.

Estação 12 – LACTALIS – Degustação de produtos lácteos – Oferta de produtos lácteos para degustação no Dia de Campo do Leite: pudim, achocolatados e iogurtes. O objetivo da degustação foi mostrar ao produtor qual o destino final da cadeia produtiva do leite.

Estação 13 – Agroindústria familiar (EMATER/RS- ASCAR)– Divulgar a importância e benefícios do Programa Estadual Agroindústria Familiar do RS. Esse programa é voltado para famílias que já exploram a atividade, mas não estão formalizadas.

Estação 14 – Palestra qualidade do leite –A pesquisadora Maira Zanella apresentou as alterações propostas pelas IN’s 76 e 77 76, que estabelecem novas normas de produção e armazenamento do leite cru. De acordo com a pesquisadora, a principal mudança da normativa diz respeito à contagem bacteriana total (CBT). Assim, para evitar o aumento dos índices de CBT, ela orienta o produtor a realizar sempre as boas práticas na higiene em todo o processo de ordenha de modo a evitar que o leite seja contaminado por bactérias.

Estação 15 – Coopar/Pomerano – Apresentação das sementes de milho, pastagem, produtos voltados para a nutrição, como suplementos minerais. A Pomerano também realizou degustação de seus produtos com queijos, doce de leite e requeijão.

Estação 16 – Crédito Rural Sicredi – Consulta pelos produtores em relação aos produtos oferecidos pelo Sidredi. Dúvidas sobre taxas, prazos, financiamento foram sanadas aos produtores.

Estação 17 – Safrasul Sementes – Mostra das variedades de sementes de verão indicadas para entressafra, ou seja, na saída do inverno. São variedades de pasto bem produtivas que tem valor nutricional significativo, como as brachiarias ou os panicuns, variedades indicadas para regiões de terras baixas.

Estação 18 – Sistemas Agroflorestais e Boas práticas agropecuárias – Benefícios proporcionados pelos Sistemas Agroflorestais, com enfoque na arborização das pastagens, no bem-estar animal do gado leiteiro e na recuperação de áreas degradadas da propriedade rural, principalmente áreas de reserva legal. A estação abordou ainda sobre a questão da produção de água com maior e melhor qualidade dentro da propriedade, um ponto chave para produção de leite.

Estação 19 – Cadeias Curtas – Apresentação do projeto Cadeias Curtas de Comercialização, que valoriza as iniciativas de pequenas agroindústrias, cooperativas e produtores. Esse projeto é realizado em três regiões do Rio Grande do Sul e uma no sudoeste do Paraná.

Estação 20 – Projeto Balde Cheio – Apresentação do Balde Cheio, projeto nacional desenvolvido pela Embrapa, que engloba 14 Unidades de Pesquisa e nesse ano completa 21 anos. Esse projeto é proposto com a metodologia de treinar extensionistas, técnicos, médicos veterinários e produtores em várias técnicas que visam à intensificação da produção de leite. O treinamento é feito nas unidades demonstrativas, que recebem acompanhamento mensal realizado pelos profissionais treinados. Dois grandes convênios para o RS foram assinados na última Expointer, através da Prefeitura Municipal de Alegrete e Cooperativa Piá.

Estação 21 – Projeto EPIREP e Biotécnicas de reprodução – Esclarecimento das doenças da reprodução e a sua prevalência nas diferentes regiões do Rio Grande do Sul, além da reprodução assistida, em especial, do serviço de produção in vitro de embriões bovinos.

Estação 22 – Laboratório de leite a qualidade da água – Recomendações sobre parâmetros de qualidade e quantidade de água considerada saudável para os animais; apresentação da alternativa de uso do clorador de água (protótipo), desenvolvido pela Embrapa. Também foram oferecidas orientações sobre como deve ser feito o encaminhamento de amostras para o Laboratório de análise do leite da Embrapa, respeitando as normas de coleta de amostras para análise.

Participaram desta edição, produtores e interessados vindos de Alto Feliz, Bagé, Bom Princípio, Canguçu, Camaquã, Caçapava do Sul, Cerrito, Encruzilhada, Feliz, Gravataí, Ivoti, Morro Redondo, Nova Petropólis, Pelotas, Pedro Osório, Piratini, Rio Grande, São Francisco de Paula, São Lourenço do Sul, Tupandi e Turuçu.

A nova proposta do Dia de Campo contou com a parceria da Emater/RS-Ascar, Coopar/Pomerano, Lactalis, Bettin Agrícola, SafraSul Sementes, Sicredi, Associação de Criadores de Gado Jersey do Rio Grande do Sul e Afubra.

Fonte: Embrapa Clima Temperado

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