Perícia confirma que incêndio começou em gerador do hospital

Onze pacientes, todos idosos, morreram por asfixia e inalação de fumaça

Morre 13ª vítima de incêndio em hospital no Rio. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Os peritos da Polícia Civil constataram neste sábado que o incêndio que matou 11 pessoas na última quinta-feira no Hospital Badim, no Rio de Janeiro, começou no gerador de energia da unidade. Eles estiveram hoje no subsolo do prédio incendiado e recolheram peças do equipamento. As informações são da Agência Estado.

Segundo os peritos, é preciso, no entanto, esperar que a empresa responsável pela manutenção dos geradores retire uma peça específica do equipamento. Essa peça será levada ao laboratório do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, da Polícia Civil, e analisada, para que se conheça a causa do incêndio.

“Sabemos que o problema foi no gerador. Vai ser feito um estudo mais aprofundado para saber a manutenção e como se deu esse problema, que gerou o incêndio”, disse o delegado responsável pela investigação, Roberto Ramos, da Delegacia da Praça da Bandeira (18ª DP).

Segundo ele, ainda não é possível apontar responsáveis pelo incêndio e será preciso colher depoimentos. “Inicialmente, nossa preocupação era constatar essa perícia de maneira eficaz. Pessoas serão ouvidas na segunda-feira”, afirmou. “Vamos ouvir todo mundo que for necessário para as investigações”.

O hospital também informou que um curto-circuito no gerador do prédio 1 da unidade de saúde provocou o início das chamas, que espalharam fumaça para todos os andares do prédio antigo.

Segundo o Instituto Médico Legal (IML), a maioria das vítimas morreu por asfixia e não há corpos carbonizados. A identificação delas foi feita no início da tarde desta sexta-feira.

A direção expressou “profundo pesar” e informou que 103 pacientes estavam internados no local no momento das chamas. Imediatamente, declarou a direção, a brigada de incêndio iniciou a evacuação do prédio, mesmo antes da chegada do Corpo de Bombeiros.

“Desde o primeiro momento a prioridade total foi socorrer os pacientes e funcionários e salvar vidas. Mais de 100 médicos foram mobilizados para dar assistência aos pacientes que estavam sendo socorridos”, acrescentou a direção. O prédio do Hospital Badim segue interditado pela Defesa Civil por motivos de segurança, assim como outros quatro imóveis no entorno.

Os danos provocados pelo incêndio também se estenderam a casas vizinhas. Uma vila de seis casas teve quatro delas interditadas, sendo duas totalmente e outras duas de forma parcial. O Estado entrou na casa de número 4, que teve as consequências mais graves.

Cerca de 15 horas depois do incêndio, às 12h desta sexta-feira, a cozinha do imóvel de cerca de 220 metros quadrados ainda estava quente, como se um aquecedor estivesse ligado no ambiente. Nas paredes, que fazem divisa com o hospital, rachaduras cortavam o mármore branco. O mais drástico, contudo, se via na sala, onde parte da parede decorada com pedras despencou.

Investigação

O hospital informou que um curto-circuito no gerador do prédio 1 da unidade de saúde provocou o início das chamas, que espalharam fumaça para todos os andares do prédio. O delegado Ramos evitou antecipar conclusões sobre o foco original do incêndio.

“Estamos verificando essa possibilidade. Sabemos que o fogo chegou ao gerador, mas estamos vendo um foco primário, para saber se realmente foi o gerador ou não”, disse Ramos.

Enterro

Cinco das 11 vítimas fatais do incêndio estão sendo enterradas neste sábado em cemitérios do Rio de Janeiro: Luzia dos Santos Melo, de 88 anos, Virgilio Claudino da Silva, de 66 anos, Irene Freitas, de 83 anos, Darcy da Rocha, de 88 anos e Maria Alice Teixeira da Costa, de 75 anos.