A terceira temporada da série 13 Reasons Why tomou outros rumos. A produção esqueceu total e complemente de Hannah Baker, fio condutor, protagonista e personagem central. Afinal, foi no seu suicídio e suas fitas que a série teve origem.
Antes de falar desta última leva de episódios, importante ressaltar que a série já não vinha bem faz tempo. A primeira temporada foi irresponsável e maçante. A segunda, completamente desnecessária. 13 Reasons Why deveria ter tido somente uma temporada, tal qual a proposta do livro em que é inspirada.
Pois bem, a terceira temporada chegou para que o lucro aumentasse devido a repercussão, nem sempre positiva, da série. Como eu disse, Hannah foi tão esquecida que ela é mencionada despretensiosamente apenas no episódio quatro.
Nesta nova narrativa algumas coisas me incomodaram. A inserção de uma nova personagem, que se torna narradora, e entra no meio das histórias e conflitos como se fosse parte de tudo desde sempre. Também tem o fato de tentarem abordar o Bryce como um coitadinho. Mas, ele é um dos principais causadores de todos problemas da série. Claro que isso não justifica nenhuma consequência posterior. Entretanto, não adianta tentar mudar o perfil de um personagem responsável por tantas coisas ruins.
Mas, algo que realmente me irritou foi a narrativa. A série usa ”passado” e ”presente” para contar a história. Isso geralmente é legal, mas a produção não deixa claro quando a coisa está acontecendo naquele momento, ou quando já passou. As transições são muito ruins e as vezes só nos damos conta que é um flashback na metade da cena.
Apesar das críticas potenciais, a terceira temporada consegue ser a mais equilibrada de todas, mesmo com os episódios intermináveis de uma hora de duração. Alguns personagens ganharam mais destaque neste ano, como a Jessica. Mas, ela não foi tão explorada quanto deveria em razão da trama principal, longa demais. Tyler ganha um pouco mais de destaque. A cena que ele relata o abuso que sofreu foi uma das mais aguardadas e também uma das melhores da temporada.
Em 13 Reasons Why, a Netflix aborda problemas muito sensíveis ao público, como suicídio, atentados em escolas, assassinatos, estupros, bullying, mas nem sempre consegue ser lúdica e cuidadosa. Talvez esse seja seu maior problema. Tratar esses temas com superficialidade pode apenas ativar gatilhos no expectador, apesar de todos os avisos que a série faz.
De um modo geral, a terceira temporada não teve a profundidade que merecia, mais uma vez. Mas, para quem aguentou as outras, concluir a terceira é barbada.
