Rio: ex-deputado que relatou Ficha Limpa é preso em operação contra fraudes nos Correios

Prisão de Indio da Costa foi confirmada pelo advogado dele, Afonso Henrique Destri

Deputado Indio da Costa durante sessão de discussão do processo de impeachment da ex-presidente Dilma Roussef,. Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O ex-deputado federal Indio da Costa, atualmente sem partido, foi preso hoje na Operação Postal Off, deflagrada pela Polícia Federal (PF). As investigações foram desencadeadas pela Delegacia de Combate à Corrupção da Superintendência Regional de Santa Catarina. Ao todo, foram cumpridos nove mandados de prisão preventiva, dois no Rio de Janeiro.

A organização criminosa investigada atendia clientes com volume de postagem muito alto, com um fluxo elevado de objetos por mês. Os prejuízos aos Correios, de acordo com a Polícia Federal, podem chegar a R$ 13 milhões.

A prisão de Indio da Costa foi confirmada pelo advogado dele, Afonso Henrique Destri. Ele informou que o ex-deputado vai ser levado ainda hoje para o Presídio José Frederico Marques, em Benfica, zona norte da cidade, que é porta de entrada de presos no sistema penitenciário.

Indio da Costa foi relator, em 2010, da Lei da Ficha Limpa. O último cargo público que ocupou foi como secretário municipal de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação na gestão de Marcelo Crivella.

Fraude pode ser maior

Para o delegado Christian Luz Barth, da PF de Santa Catarina, o prejuízo aos Correios pode ser bem maior. “A gente estima que esses valores vão subir, e muito, após a análise do material apreendido”, disse durante entrevista coletiva à imprensa para explicar a Operação e a ação da organização criminosa.

“Eles criaram uma sistemática que foi evoluindo com o tempo em que eles conseguiram colocar no fluxo postal dos Correios encomendas, cartas comerciais, sem faturamento ou então com faturamento muito abaixo do que efetivamente era postado”, revelou.

Para garantir o ressarcimento dos prejuízos causados aos Correios, a justiça determinou os bloqueios de contas bancárias e o arresto de bens móveis e imóveis, incluídos carros de luxo e duas embarcações, sendo uma delas, um iate avaliado em R$ 3 milhões. “Só com os bloqueios, para se ver o poder econômico da organização criminosa, de bens móveis e imóveis, embarcações inclusive, chegamos a uma cifra de R$ 40 milhões, que podem garantir o ressarcimento”, apontou.

Segundo Barth as apurações indicaram também que alguns cargos nos Correios tinham “preço” para facilitar a operação da organização. Ele afirmou que além de funcionários da estatal e laranjas, havia a participação de empresários com empresas também de fachada.

Apesar de não citar nomes, o delegado adiantou que entre os alvos dos mandados de prisão havia um “elemento político” sendo investigado.

Investigação
Segundo Christian Luz Barth, a investigação começou em novembro de 2018 em Santa Catarina, quando foi identificada a tentativa de uma organização criminosa de cooptar servidores públicos no estado. De acordo com o delegado, as investigações apontaram para duas bases da organização, uma no Rio de Janeiro e outra em São Paulo. “Observamos que Santa Catarina, na verdade, foi uma tentativa de chegar lá e começar a implementar os seus crimes. Basicamente estamos falando de fraudes contra os Correios”, disse.