Mudança em blocos partidários gera polêmica na Câmara de Porto Alegre

Alterações ocorreram logo após ser formalizado pedido de CPI

Foto: Leonardo Contursi / CMPA / Divulgação / CP

A mudança na composição dos blocos partidários na Câmara de Vereadores de Porto Alegre causou mais uma polêmica, nesta quinta-feira, durante a primeira sessão plenária posterior ao anúncio da instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre atos da Prefeitura. As alterações ocorreram entre partidos que compõem a base do Executivo e outras siglas autodeclaradas independentes, provocando protestos de membros da oposição.

“Fica evidente que estas mudanças respondem a interesses políticos. Quem observar vai ver que o bloco ligado ao líder do governo aumentou. O vereador Mauro Pinheiro vai querer mesmo participar da CPI ou seu desejo é obstruir o trabalho de quem deseja trazer transparência aos atos suspeitos do Executivo”, desferiu Roberto Robaina (PSol).

Visivelmente irritado com a mudança dos blocos, apresentadas em diversos requerimentos entregues pelos líderes de bancadas à Mesa Diretora, o vereador se manifestou, primeiro, da tribuna, e depois em plenário.

Adeli Sell (PT), que também disse considerar estranhas as alterações nos blocos partidários, ocorridas um dia após a aceitação do pedido de CPI, com assinaturas de 15 vereadores, qualificou a mudança como um “escândalo”. “Havia um conjunto de blocos até aqui. Apareceu a CPI, agora começa o samba. Podem fazer os arranjos que quiserem. Vai ter CPI”, discursou.

Uma das mudanças aproximou o PTB, integrante da base, com quatro componentes, à Rede, partido do líder do governo. Outra agrupou pequenas bancadas em um bloco de seis vereadores: dois do PSB, dois do REP, um do PROS e um do SD, Claudio Janta (SD), que respondeu também da tribuna. “Não estou manipulando nada”, disse, lembrando que também é direito das bancadas menores “discutir os problemas da cidade”.

Vice-líder do governo, Moisés Barboza (PSDB) sustentou que, ao questionarem o direito das mudanças, atribuindo que há interesse político, os oposicionistas “estão admitindo que é a CPI é uma ferramenta eleitoral”. Para Barboza, não há do que reclamar, já que o direito a alterações na composição de blocos está previsto em regimento. “São mudanças legais e se não aceitaram isso é por que queriam uma CPI só para eles. Mas não terão. A CPI é da Câmara de Vereadores”, respondeu o líder do governo.