Porto Alegre: Gleisi Hoffmann reconhece que PT pode abrir mão de cabeça de chapa em 2020

Nesta segunda-feira lideranças de partidos de esquerda se reúnem na Capital para discutir uma possível atuação conjunta nas eleições do ano que vem. PSol e PDT não devem participar

Foto: Guilherme Testa

A deputada federal e presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Gleisi Hoffmann, reconheceu, em entrevista para o Esfera Pública, que há a possibilidade de o PT abrir mão de ser cabeça de chapa em Porto Alegre na disputa eleitoral de 2020 a favor de uma coligação forte. “Pelo que estou sentido em Porto Alegre, há uma disposição muito grande de o Partido dos Trabalhadores integrar uma frente sem necessariamente requisitar a cabeça de chapa. O PT está aberto a fazer uma discussão política e definir qual vai ser a candidatura. Pode ser a candidatura de qualquer um destes partidos da frente se assim a maioria entender”, disse Gleisi, se referindo à PCdoB, Psol, PDT e PSB. Os cinco partidos fazem parte de uma frente nacional de oposição, que se formou logo após as eleições presidenciais de 2018.

Para Gleisi, o componente nacional vai ser muito mais presente durante as eleições para prefeito do que em anos anteriores. Segundo ela, estados e municípios “estão sem dinheiro e sem capacidade de financiamento”, o que torna a discussão do cenário nacional quase que inevitável. “Do jeito que está, pra que serve prefeito e governador se o estado se não tiver recursos e política de financiamento? [O debate] Vai se nacionalizar. Além de discurso local, vai se discutir a grande política e a avaliação do governo federal será colocada”, defendeu a presidente do PT.

Gleisi ainda defendeu o projeto de lei de abuso de autoridade, aprovado pelo Congresso na semana passada e que aguarda sanção do presidente Jair Bolsonaro (PSL). “Ninguém pode ser a favor de abuso se autoridade, com a pessoa se utilizando do seu cargo cometendo coisas que vão para além da lei. Está correto como foi aprovado. Traz penalizações, coisa que não tinha antes. Juiz não pode ser acusador, não pode mandar prender sem ter provas. Não pode ordenar condução coercitiva sem chamar pra interrogar”, disse.

Reunião entre as siglas à noite
A partir das 18h30min, lideranças das siglas se reúnem no plenário da Câmara da Capital para discutir uma possível atuação conjunta para a eleição do ano que vem. Porém, conforme adiantou a jornalista Flávia Bemfica, do Correio do Povo, PSol e PDT optaram por não participar do evento.

Internamente, no PT, no PSol e no PCdoB, é considerada difícil a atração do PDT para um processo de primárias conjunto, apesar da simpatia de dirigentes. Regionalmente, o PSB, que no último sábado prestigiou a convenção municipal do MDB, é apontado como ainda mais distante.

Primárias
Parte das lideranças das cinco legendas trabalha pela realização de primárias que definam, entre todas as siglas que venham a formar a frente, os nomes da majoritária. A opção já foi externada pelo PSol, e no PT, é defendida por um grupo incluindo ex-governador Tarso Genro, o ex-ministro Miguel Rossetto, a deputada Sofia Cavedon e os ex-secretários Carlos Pestana e Jorge Branco. Segundo Pestana, a proposta vai ser lançada nos encontros municipais da sigla, que acontecerão em 8 de setembro, e definirão os novos comandos nas cidades. Entre petistas, um dos pontos em debate é se o processo deve ser aberto ou fechado.

Em primárias abertas, um partido ou coalizão lista os candidatos e toda a população interessada pode participar da escolha. Os mais votados concorrem á eleição de fato. Em primárias fechadas, apenas filiados podem votar.