Osmar Terra: filme feito com dinheiro público deve atrair espectadores

Ministro defendeu ainda que o governo opine sobre as temáticas que serão incentivadas na produção audiovisual

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro da Cidadania, Osmar Terra, disse hoje que os filmes que recebem financiamento público devem ter o compromisso de atrair espectadores. “O cinema tem que buscar o público, não pode ser uma coisa só autoral para os amigos que gostam muito do cineasta gostarem do filme”, disse.

Para o ministro, os filmes que vêm recebendo recursos públicos não vêm apresentando resultados à altura do investimento. “No ano passado, foram 151 filmes totalmente financiados pelo fundo do audiovisual. A média de R$ 4,5 milhões por filme. E o público é menos de mil pessoas por filme. Metade dos filmes não teve mil espectadores”, acrescentou.

Devido a essa situação, Terra disse que considera uma revisão dos mecanismos de financiamento para o cinema, como exigir que parte do dinheiro tenha que ser devolvida com arrecadação em bilheteria. “Nós temos que rever a forma de fazer o financiamento. Transformar em um financiamento que tem que ser devolvido. Criar uma forma de buscar o público, se não ficam filmes que ninguém assiste. É um gasto enorme com filmes que ninguém vai ver”, propôs, ao participar de evento do grupo Voto, na capital paulista.

A reserva de um espaço mínimo em salas de cinema para filmes nacionais também é alvo de críticas do ministro. “Aí é obrigado a ter cota para filme nacional no cinema, também não pode durar muito”, disse, ao relacionar a reserva de salas à distância entre as produções e o público.

Temática
O ministro defendeu ainda que o governo opine sobre as temáticas que serão incentivadas na produção audiovisual. Terra falou sobre o tema ao comentar a suspensão de um edital para produção de séries sobre diversidade sexual para TVs públicas. “Se é um recurso público, é uma exibição em rede pública, o governo pelo menos quer opinar sobre os temas. E esse governo tem proposta para a TV pública, sobre valores que são importantes de serem ressaltados”, defendeu.

Terra negou, no entanto, que o governo tenha a intenção de estabelecer qualquer tipo de censura. “Todo mundo pode fazer o filme que quiser, mas se vai receber recurso público, nós temos direito de opinar sobre os temas que são mais importantes”, enfatizou.