Eduardo Leite revela “frustração” com decisão do PSDB de manter Aécio

Governador do Rio Grande do Sul espera que o diretório gaúcho provoque Executiva Nacional a rever postura

Deputado Aécio Neves (PSDB-MG). Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O governador gaúcho Eduardo Leite (PSDB) criticou, nesta quinta-feira, a decisão tomada pela Executiva Nacional que rejeitou, ontem, o pedido de expulsão do deputado Aécio Neves (PSDB-MG) dos quadros da legenda. Por 30 votos a quatro, o colegiado aprovou um parecer contra a expulsão do tucano, já que o relator, deputado Celso Sabino (PSDB-PA), considerou não haver motivos, já que Aécio, apesar de réu em processos por corrupção e obstrução de Justiça, nunca teve condenações.

“Me frustrou a decisão tomada. Eu sempre disse que não defendo a expulsão sumária de ninguém. O processo correto deveria ser desenvolvido, com discussão e debate, mas sequer isso foi permitido. Um placar largo contra a admissibilidade da discussão dentro do partido… Isso para mim é bastante grave”, lamentou.

Em função da negativa, Eduardo Leite disse acreditar que o PSDB gaúcho possa provocar a executiva nacional a rever a decisão, que impediu a investigação interna contra Aécio Neves. “Eu espero que possa ser revisto. Inclusive, o diretório do Rio Grande do Sul, tenho certeza e expectativa, vai se reunir para debater o encaminhamento de uma nova representação para que seja a avaliada a admissibilidade da discussão”, reforçou.

A absolvição do ex-candidato à presidência também é considerada uma derrota para o grupo ligado ao governador de São Paulo, João Doria, um dos principais defensores da expulsão de Aécio. O movimento para expulsar o tucano é parte do que Doria chamou de “faxina ética” no PSDB, que ano passado teve o pior desempenho eleitoral da história. Há o temor de que a permanência de Aécio no partido atrapalhe os planos eleitorais de Doria, para a Presidência em 2022, e de Bruno Covas, prefeito de São Paulo, que disputa a recondução ao cargo nas eleições do ano que vem.

Relembre

Aécio é alvo de ao menos oito inquéritos, abertos após delações da Odebrecht, da JBS e do ex-senador petista Delcídio do Amaral, e também é réu ainda não julgado, sob acusação de corrupção passiva e obstrução da Justiça.

O que disse o deputado

Para Aécio, a decisão do partido foi democrática. “O partido tomou uma decisão serena e democrática, não há aqui vitoriosos e vencidos”, afirmou. Questionado se a decisão era uma derrota a Doria, ele disse que não vê dessa forma. “A decisão respeita estatuto e história daqueles que construíram história do PSDB”, completou.