Câmara Municipal recebe quarto pedido de impeachment contra Marchezan

Denúncia elenca série de irregularidades supostamente cometidas pela gestão tucana. Prefeito considera motivação política

Foto: Lucas Rivas/Rádio Guaíba

A Câmara de Vereadores de Porto Alegre recebeu hoje o quarto pedido de impeachment movido contra o prefeito de Porto Alegre, Nelson Marchezan Júnior (PSDB), desde o início da gestão.

Em um documento com 194 páginas, o eleitor de Porto Alegre Cláudio Francisco Mota Souto elenca uma série de irregularidades supostamente cometidas na gestão tucana, como a prática de nepotismo, descumprimento de lei, irregularidades para contratações no Banco de Talentos, favorecimento de empresas no transporte público, desrespeito no repasse de informações até assédio moral e locação irregular de um prédio por parte da Prefeitura, no Centro da Capital.

Em função do pedido de impeachment, a presidente da Câmara de Porto Alegre, vereadora Mônica Leal (PP) abriu a sessão desta tarde lendo o documento. A intenção era votar a admissibilidade do processo ainda hoje mas, devido à falta de quórum, a leitura só deve ser finalizada na próxima sessão. Após a tramitação, o texto segue a plenário.

Em nota, o prefeito garantiu ter recebido com tranquilidade a informação e avaliou que há cunho político no processo. “A autoria é de um homem filiado ao Partido Progressista, casado com uma ex-servidora da Prefeitura, que exercia um cargo vinculado a cotas do partido. A mulher foi demitida há cerca de um mês”, cita, em nota.

Já sobre a denúncia de nepotismo, Marchezan ressalta que dois secretários de governo são casados, mas salienta que os relacionamentos não são proibidos na Prefeitura. “São pessoas competentes, com credibilidade, ficha limpa, honestos, sem débitos com a sociedade e que trabalham 12, 14 horas por dia. Tenho muito orgulho deles”, defendeu o prefeito. Marchezan se referia aos secretários Christian Lemos, da Pasta de Relações Institucionais, e Juliana Castro, da de Planejamento e Gestão.

Arquivamentos anteriores

Em julho, a Câmara enterrou o terceiro pedido de impeachment, com 26 votos e oito abstenções. A denúncia partiu do cobrador de ônibus Gerson Luis de Avila Assis, que alegou descumprimento da legislação referente à tripulação do transporte coletivo.

Em 2018, com placar de 18 votos a 16, o plenário da Câmara rejeitou o segundo pedido de impeachment, movido pelo taxista Paulo Adir Ferreira, ex-filiado ao PSDB e PPS. Ele alegou que o prefeito cometeu supostas irregularidades ao repassar verbas para a Carris em valores acima dos autorizados pela Câmara na Lei Orçamentária.

Já em 2017, a Câmara arquivou, por 28 a sete, pedido protocolado por um grupo de taxistas sob a alegação de que o Executivo vinha abrindo mão de receitas ao não cobrar dos motoristas de aplicativos como Cabify e Uber a taxa de gerenciamento operacional (TGO).