Sarampo ultrapassa 1,6 mil casos, sobretudo em bebês

Segundo balanço divulgado pelo Ministério da Saúde, 98,9% dos casos estão em São Paulo; bloqueio é principal estratégia

O Brasil registra 1,68 mil casos de sarampo no país em 88 municípios e os bebês abaixo de 1 ano são as maiores vítimas, de acordo com balanço divulgado pelo Ministério da Saúde nesta terça-feira. Desse total, 1.662 ocorrências foram registradas no estado de São Paulo, o que equivale a 98,9% dos casos no país.

Depois das crianças, outra faixa etária afetada é a de jovens entre 15 e 29 anos. Não há mortes confirmadas até o momento.

“As causas do surto em São Paulo são as baixas coberturas vacinais nessas faixas etárias. Não há estudo que comprove que haja mutação do vírus nem evidência de falha vacinal. Temos uma situação epidemiológica global e o Brasil está inserido nesse contexto”, afirmou Wanderson de Oliveira, secretário de Vigilância em Saúde durante entrevista coletiva.

A partir desta quinta, a vacinação vai ser ampliada em todo o país para crianças de seis meses a 1 ano, o que ocorria apenas em estados com surto, como São Paulo, Rio de Janeiro, Bahia e Paraná e, no ano passado, Amazonas e Roraima. A meta é alcançar 95% de cobertura vacinal.

“A faixa etária mais acometida é a de menos de 1 ano de idade, porque a criança ainda não recebeu a dose e espera-se anticorpos da mãe, mas muitas mulheres não atualizaram a vacina”, explica o secretário.

“Nós não recomendamos a vacinação antes dos 6 meses de idade e a gestante não pode tomar a vacina, pois é feita com vírus vivo atenuado. Mas podemos ter casos em menores de 6 meses de idade, mas em frequência muito menor do que entre 6 e 11 meses de vida. É importante as mães evitem locais fechados e aglomerados com seus filhos, pois essas crianças ainda estão com seu sistema imunológico em formação”, completa Oliveira.

O Ministério afirmou que em 2019 foram registrados 1.845 casos confirmados da doença, porém, apenas 1,68 mil deles se referem ao surto do ano vigente. Os demais estão relacionados ao surto de 2018, que ocorreu no Amazonas e em Roraima. Com exceção da Bahia, cujo caso foi importado da Espanha, nos demais Estados as ocorrências estão relacionadas aos casos de São Paulo.

No ano passado, o país registrou 10.330 casos com pico no mês de julho e redução em agosto. Segundo o secretário, a doença segue o mesmo padrão. Ele explica que a transmissão do sarampo ocorre da mesma forma que as doenças respiratórias, com mais intensidade no período mais frio. “Para que um Estado seja considerado livre do sarampo é preciso que apresente 90 dias sem casos”, completa.

A estratégia para conter os surtos engloba a intensificação da vacinação de rotina, a dose zero, que é a dose adicional em crianças com 6 meses a 11 meses e 29 dias de vida, e o bloqueio vacinal seletivo, que deve ser feito até 72 horas do primeiro caso suspeito.

Além dessa dose, os pais ou responsáveis devem levar os filhos para tomar a vacina tríplice viral aos 12 meses e a vacina tetraviral ou a tríplice viral mais varicela, aos 15.

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