Não há plano B para embaixada nos EUA, revela chanceler

Em entrevista exclusiva para o R7, Ernesto Araújo fala que Eduardo Bolsonaro é o melhor nome para o cargo

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Em entrevista exclusiva para o portal R7, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse, nesta terça-feira, que o governo Bolsonaro não trabalha com a possibilidade de indicar outro nome para a Embaixada do Brasil em Washington. A avaliação do Itamaraty é que o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) é a pessoa ideal para estreitar os laços entre o Brasil e os Estados Unidos. A indicação precisa ser aprovada pelo Senado.

O chanceler adiantou ainda pontos do discurso do presidente Jair Bolsonaro na abertura na Assembleia Geral da ONU, em 25 de setembro, que  vai tratar, por exemplo, da questão ambiental. Falou sobre a viagem do presidente ao Japão, China e Países árabes, ainda este ano e comentou a portaria que impediu venezuelanos de entrar no Brasil.

Leia abaixo os principais trechos da entrevista.

Caso haja a possibilidade da não aprovação do nome de Eduardo Bolsonaro pelo Senado existe outra possibilidade sendo discutida com o presidente?

— A indicação depende basicamente do presidente mas estamos conversando desde o começo do ano da importância de ter um excelente nome para o Embaixada do Brasil em Washington. Chegamos à conclusão de que o melhor nome seria do Eduardo Bolsonaro. Estou convencido disso. Existe a questão política, mas a nossa convicção é que o Eduardo seria um nome extraordinário para elevar a relação com os Estados Unidos ao patamar que a gente precisa. Para conseguir os novos acordos que estão sendo alinhavados.

Então não se trabalha com um plano B dentro do Itamaraty?

— Não, estamos convencidos, claro que depende no Senado. Mas queremos passar essa certeza com base no nosso conhecimento de como funciona o sistema americano e do quão importante é ter alguém que tenha acesso ao presidente americano para concretizar o que a gente precisa. Estamos trabalhando para divulgar essa certeza que é uma excelente solução.

Só há o plano Eduardo para a Embaixada? Para ficar claro…

— Sim, exclusivamente esse por ser o perfil exato de quem a gente precisa para Washington.

Como vai ser o discurso do presidente Bolsonaro na abertura da Assembleia Geral da ONU?

— Estamos começando a trabalhar no discurso do presidente e tenho certeza que será a mensagem que todo mundo já conhece, a mensagem de um Brasil que quer ser reapresentar no cenário internacional sem a timidez do passado e sem as vinculações ideológicas do passado, que sente que tem a capacidade de influenciar os destinos do mundo pelo bem, em favor da liberdade e do entendimento. Um País que está se abrindo, na economia, para o mundo, de uma maneira competitiva. Ao mesmo tempo defendendo a sua soberania e os seus valores, sua identidade. Numa concepção de mundo de nações fortes, soberanas.

Na parte ambiental vamos mostrar que o País é comprometido com a proteção do Meio Ambiente, ao contrário das especulações deslocadas e vai ser um momento importante mostrar isso.

O presidente vai para China, Japão e Países árabes. Qual vai ser a agenda?

— Temos nos aproximado muito com o Japão, há afinidade e grandes e oportunidades econômicas e tecnológicas extraordinárias. O presidente quer mostrar isso simbolicamente na entronização no novo imperador japonês. Na China, nosso principal parceiro comercial, tentar aprofundar e diversificar esse comércio. Com países árabes, do Golfo, temos conversado muito e estão interessadíssimos em investimentos no Brasil. Todos têm fundos de investimentos bilionários e estão procurando onde investir.

As rusgas com Alemanha e outros países europeus na questão ambiental vêm atrapalhando a relação com a União Europeia?

— Não chega a atrapalhar. Há muito discurso para o público interno. Exemplo: dentro do Acordo de Paris o Brasil está mais avançado com os seus compromissos e metas do que a Alemanha, que não está cumprindo suas metas. Isso tudo se resolve com o diálogo e por parte dos países europeus esperamos que entendam qual é a realidade brasileira, nossos esforços para coibir o desmatamento, nossa legislação com áreas enormes de preservação. Esperamos que esses países construam diálogo conosco.

A portaria conjunta do Ministério da Justiça com o Itamaraty impedindo a entrada de pessoas do governo Maduro, da Venezuela. São quantas pessoas e qual o objetivo da portaria?

— Algumas dezenas de pessoas que ao apoiarem ou pertencerem ao regime Maduro mostram que não têm compromisso nenhum com os valores do Brasil e da sociedade brasileira e também queremos mostrar que estamos comprometidos com a recuperação da democracia da Venezuela. Isso também faz parte de uma pressão. Apoiamos o governo legítimo interino de Juan Guaidó. A comunidade internacional precisa mostrar que é capaz de ajudar na transformação urgente sem necessidade de recorrer a nenhuma outra solução.