Após pressão do governo, Assembleia cancela audiência pública sobre ações do Banrisul

Encontro estava previsto para acontecer em 4 de setembro

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Foto: Guilherme Testa / CP Memória

O presidente da Comissão de Economia da Assembleia Legislativa, Tiago Simon (MDB), decidiu cancelar a audiência pública que seria realizada no dia 4 de setembro para discutir a venda de ações do Banrisul. Apresentado pelos deputados Fábio Ostermann (Novo) e Sebastião Melo (MDB) e aprovado pela Comissão de Economia na semana passada, o requerimento de audiência pública convidava o governador Eduardo Leite e outros representantes estaduais a explicar as razões que levaram o Piratini a tomar a decisão de realizar uma oferta pública de ações do banco. A decisão de cancelar a audiência pública foi tomada após pressão da Liderança do Governo. A audiência ainda não possui uma nova data para acontecer.

Desde junho, quando o Banrisul anunciou o interesse do governo estadual de vender ações do banco, a Bancada do Novo acompanha com a apreensão a iniciativa do Piratini. Segundo Ostermann, vender ações pulverizadas sem abrir mão do controle acionário do Banrisul reduz o valor individual que seria pago por ação e diminui a rentabilidade do negócio como um todo. O líder da Bancada do Partido Novo afirma que a operação seria mais rentável se o Estado deixasse de ser dono do banco. “Estamos falando em um prejuízo que pode chegar a R$ 3 bilhões. São recursos públicos que Estado deixará de receber caso concretize o negócio da forma como está sendo proposto”, criticou Ostermann.

Ao se desfazer das ações, o Piratini também abrirá mão de receber uma fatia considerável da receita que obtém com o banco: argumento frequentemente utilizado para mantê-lo sob regime estatal. A perda nos dividendos pode chegar a R$ 150 milhões por ano. Além disso, vender ações pulverizadas até o limite do controle acionário impede que no futuro o banco amplie seu capital e realize novas ofertas. “Quando era candidato, Eduardo Leite criticou o então governador Sartori por vender ações do Banrisul para pagar despesas correntes. Mas agora está propondo fazer a mesma coisa”, ponderou Ostermann.

Também foram convidados para a audiência pública o secretário da Fazenda, Marco Aurélio Cardoso, o procurador-geral do Estado, Eduardo Cunha da Costa, e o presidente do Banrisul, Cláudio Coutinho, o ex-presidente do Banrisul, Mateus Bandeira, entre outras pessoas.