RS registra cinco mil casos de Tuberculose a cada ano

Porto Alegre é a quarta capital brasileira com o maior coeficiente de incidência da doença

Foto: Guilherme Testa/CP

O Rio Grande Sul registra a ocorrência de cinco mil casos de Tuberculose a cada ano. O número coloca o Estado na sétima posição no Brasil em termos de incidência da doença. Além disso, mantém a maior taxa de coinfecção Tuberculose/HIV do país desde o começo dos anos 2000. Mais de 10% dos casos estão na população carcerária, formada por aproximadamente 45 mil pessoas.

Os dados foram divulgados pela médica pneumologista Carla Adriane Jarczewski, diretora técnica do Hospital Sanatório Partenon, que nesta terça-feira participou do 1º Encontro sobre Intersetorialidade no Cuidado à Pessoa com Tuberculose e Comorbidades: Desafios atuais, realizado no auditório da instituição de saúde, em Porto Alegre. Segundo ela, a taxa de coinfecção já chegou a 20% e, hoje, fica em torno de 15% – ou seja, dos pacientes testados com a doença, parte também é HIV positivo.

“Temos pessoas em situação de rua, apenados e pessoas com problemas de dependência química que estão com Tuberculose. Somente a área da saúde não vai resolver o problema. Precisamos das equipes da assistência social e dos programas de saúde mental e de HIV unidos para darmos uma resposta a esses números”, destacou.

A médica Aline Ale Beraldo, consultora técnica do Programa Nacional de Controle de Combate da Tuberculose do Ministério da Saúde, disse que a meta do governo federal é eliminar a doença como um problema de saúde pública até 2035. Presente na abertura, a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, afirmou que o trabalho em equipe é fundamental para o combate a Tuberculose.

“Temos que atuar nos municípios porque é lá que acontecem as políticas públicas com a abordagem das equipes multidisciplinares – médicos, enfermeiros e assistentes sociais”, ressaltou.

A Tuberculose é a doença infecciosa com a maior taxa de mortalidade no mundo. Porto Alegre é a quarta capital brasileira com o maior coeficiente de incidência da doença (81,7/100 mil habitantes). Em 2018, foram 1.373 novos casos, com taxa de cura de 56% e taxa de abandono de 24%. Na lista das cinco capitais com maiores incidências da doença estão Manaus (104,7 casos por 100 mil habitantes), Rio de Janeiro (88,5 casos), Recife (85,5 casos) e Belém (64,9 casos), além de Porto Alegre, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

O Rio Grande do Sul é o Estado com maior quantidade de retratamentos da doença. Causada por uma bactéria (Bacilo de Koch) que ataca principalmente os pulmões – mas pode ocorrer em outras partes do corpo -, a doença é transmitida pelo ar. Entre os sintomas mais comuns, tosse por mais de duas semanas, transpiração excessiva à noite, cansaço, falta de apetite, emagrecimento e febre. Conforme a médica pneumologista Carla Adriane, nesse caso a orientação é procurar a unidade de saúde para fazer o exame e, em caso positivo, iniciar o tratamento imediatamente.

O perfil epidemiológico da doença mostra que ela atinge predominantemente pessoas com baixa escolaridade, em maioria homens em idade produtiva. Entre os públicos de maior vulnerabilidade estão a população em situação de rua, indígenas, população prisional e egressos, dependentes químicos e pessoas vivendo com HIV.