Brincando com a morte

"Este jornal vai ser feito para toda a massa, não para determinados indivíduos de uma facção". Foto: Arquivo CP

O Filomeno era o Rei da mentira. No trabalho, em casa, pros amigos, não tinha um pingo de vergonha na cara, uma vez sim e outra não lascava alguma em que o pessoal acabava acreditando que era verdade.
Apreciador de um goró dos buenos, vivia pelos botecos do centro na base do pito e do trago, contando chalaças e charamusqueando no meio dos borrachos com a maior facilidade.
Vez por outra no emprego matava um parente, que é claro, não morria, era só pra tapar os furos que deixava talvez pelas noitadas de borracheiras homéricas na Volta da Cobra.E era velório da mãe, da tia, da avó, até do pai.
Certa feita depois de uns três dias desaparecido formou-se um comitê em busca do Filomeno que não dava sinal nem pelo celular, tampouco mandou recado de mais um parente falecido repentinamente.
Uns achavam que estava hospitalizado, percorreram todos os locais possíveis, os bares, os mocós e até a delegacia de polícia. Só faltaram ir no IML pra reconhecimento de um provável cadáver.
Finalmente resolveram procurá-lo pelas redondezas onde morava porque em casa nem o telefone atendia… e não é que foram recebidos adivinhem por quem? pelo próprio pai do Filomeno, aquele que ele havia “matado” em um momento qualquer daqueles em que tinha dado um chá de sumiço !
Bueno, depois dessa presepada, Filomeno pra não fical mal perante à chefia e colegas, se reinventou como um ser depressivo ( depois, é claro, de assistir em um programa de televisão onde o assunto era Depressão) . Só que o dito cujo em inquisição feita por um dos amigos , mais resbaloso que um muçum ensaboado, disse que não havia consultado médico, mas se automedicou com um comprimidinho branco que nem lembrava nome.E cada vez mais se enrolando na mentira parecia uma cobra mal matada saltando daqui e dali à cada pergunta do parceiro.
Prá não judiar mais, o Aristóteles colega do Biguá( aquela ave aquática que fica horas mergulhado em busca de alimento), assim era o apelido do Filomeno por causa da sede eterna acalmada somente com alguns frascos da bem gelada e espumosa cevada, resolveu deixar prá lá depois de um ataque de riso provocado por tanta cara de pau.
Como diz o ditado: “cachorro comedor de ovelha, só matando”…. então a companheirada conhecedora das manhas do Filomeno, está aguardando o próximo capítulo da novela “Brincando com a morte”. Até lá !