Governo estuda tirar Ancine da gestão do Fundo Setorial do Audiovisual

Porta-voz da Presidência disse que Bolsonaro não vai censurar filmes, mas alertou que não vai haver patrocínio a obras que atentem contra "valores tradicionais" da sociedade

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

O porta-voz da Presidência da República, Otávio Rêgo Barros, afirmou hoje que o governo estuda retirar a Agência Nacional do Cinema (Ancine) da gestão do Fundo Setorial do Audiovisual (FSA). Segundo o porta-voz, o tema está em análise pela área jurídica do Palácio do Planalto.

“O tema, sim, está em estudo pela assessoria jurídica do governo federal”, disse durante entrevista a jornalistas, no Palácio do Planalto. Se a mudança ocorrer, o FSA pode ser repassado à Secretaria Especial da Cultura, vinculada ao Ministério da Cidadania. Hoje, cabe à Ancine a execução orçamentária e financeira do fundo de fomento, que conta com um orçamento de R$ 724 milhões em 2019. Caso a mudança ocorra, a agência deixa de atuar como órgão de de fomento, passando a concentrar atividades apenas nas áreas de supervisão e regulação do mercado.

O FSA foi criado pela Lei nº 11.437/2006, destinado ao desenvolvimento de toda a cadeia produtiva da atividade audiovisual no Brasil. O fundo contempla atividades associadas aos diversos segmentos, como produção, distribuição, comercialização, exibição e infraestrutura de serviços, por meio de investimentos, financiamentos, operações de apoio e de equalização de encargos financeiros.

Censura e patrocínio

Rêgo Barros também afirmou, durante conversa com jornalistas, que o presidente Jair Bolsonaro não quer que o governo patrocine obras audiovisuais que atentem contra “valores tradicionais”.

“O presidente não censurará filmes patrocinados pela Ancine. No entanto, o governo também não patrocinará filmes que atentem contra valores éticos e morais tradicionais da nossa sociedade”, disse.

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