Marlon Santos desafia PDT a expulsá-lo e garante não ser “marionetezinha”

Trabalhista votou a favor da Previdência e corre risco de punição

Marlon Santos. Foto: PDT Divulgação

Sem papas na língua, o deputado federal Marlon Santos (PDT-RS) criticou veemente, em um vídeo publicado em redes sociais, a postura da Executiva Nacional, que instaurou processo disciplinar contra oito parlamentares que desrespeitaram a decisão partidária e votaram a favor da reforma da Previdência. No Facebook, Marlon Santos postou quase 35 minutos de fala, na noite passada, afirmando que tomou a decisão amparado no estatuto de fundação do PDT, que assegura a pluralidade dentro da legenda. “Quero ficar no PDT, mas não quero ser marionetezinha”, exclamou.

No vídeo, o deputado classifica os integrantes da Executiva Nacional de “gente mais desgraçada” e lamenta estar sendo tratado como “lixo”, “ignorantão” ou como “menino de escola em época da ditadura que ajoelhava no milho ou tampinha de garrafa” para ser castigado.

“Vocês na conversa me levariam para qualquer lugar mas, de arrasto, presidente? De arrasto, não vão me levar para lugar nenhum. Se vocês estão acostumados a pegar esses ‘coisinha frouxa’ e fazer o que bem entendem com eles, comigo não é bem assim, aqui o buraquinho é um pouquinho mais embaixo”, dispara.

Marlon Santos ainda desafia o PDT a expulsá-lo. “Se vocês não sabem conviver com diferenças, então expulsem os deputados. Agora, tirem o D de democrático de dentro do partido e rasguem o estatuto, onde fala em aceitar pluralidades, ideias e diferenças porque vocês não estão cumprindo”, prossegue.

O trabalhista salienta, apesar das críticas, que ainda crê no presidente nacional, Carlos Lupi. Mas rechaça a possibilidade de votar contra a reforma, em segundo turno na Câmara, em agosto. “Eu não tenho medo de pena capital, tchê”, assegura.

Segundo Marlon Santos, os pedetistas foram fundamentais para lapidar o texto encaminhado pelo governo ao retirar o sistema de capitalização, isentar o produtor rural, manter as regras do BPC e auxiliar na aprovação da emenda que diminuiu a idade de aposentadoria de professores. “Aquela reforma a gente não queria, mas esta a gente ajudou a confeccionar”, ressalta.

Além de abrir processo disciplinar, a Comissão de Ética do PDT aprovou também a suspensão das representações partidárias dos parlamentares até que o processo seja concluído – o que pode demorar até 60 dias. Na prática, isso significa que eles seguirão exercendo os mandatos sem fazerem parte do partido de forma oficial.