“As revendas estão agonizando”, diz presidente do Sulpetro sobre postos de combustíveis

Entidade não vê solução a curto prazo

Foto: Pedro Revillion / CP Memória

Após denúncias de suspeita de cartel em postos de combustíveis em Porto Alegre, o Sulpetro (sindicato que representa os postos de combustíveis) afirmou à Rádio Guaíba que “as revendas estão agonizando”. Os aumentos de até R$ 0,50 em menos de uma semana foram verificados mesmo com redução do valor do produto nas refinarias. Justificando que há uma série de elementos além deste que balizam o preço final ao consumidor, o presidente da entidade, João Dal’aqua, garante que não há solução a curto prazo.

A dificuldade de margem de lucro, a alta carga tributária e o momento econômico do país seriam os principais elos que sustentam os preços elevados nas bombas. “A revenda de combustíveis está atravessando momento muito difícil, a revenda está agonizando, com alto custo e margens baixas”, disse ele. Dal’aqua lamentou a alta taxa tributária em vigor no país, como o ICMS e as margens de lucro dos demais segmentos antes de chegar na revenda.

Questionado sobre a elevação dos preços quando da baixa do valor do combustível nas refinarias, o presidente argumentou que em outros momentos houve o oposto: “já baixamos quando a refinaria aumentou. Não é só a refinaria que impacta”. Ressaltou ainda que no ano passado 120 revendas encerraram as atividades, por questões financeiras. “Se você passar de madrugada, muitos postos estão fechados. Domingos, também. Então a situação está difícil”,acrescentando que “nunca no passado se imaginou que posto de gasolina ia fechar”.

Por fim, admitiu que “para o consumidor o combustível é um produto caro”, mas que para o posto é uma situação crítica e sem solução a curto prazo. Questionado sobre denúncias de cartel, disse que hoje “o mundo é instantâneo e que a troca de informações é imediata, possibilitando que concorrentes avaliem preços quase que em tempo real”. Alegou ainda que “temos placas com os preços, hoje tudo é instantâneo, então não tem isso de cartel, o que tem é informação e comerciantes se balizando para concorrer.”

O que diz o Procon

Ainda ontem o Procon Porto Alegre notificou 20 postos de combustíveis para que expliquem por que aumentaram os preços do litro, em até R$ 0,50, em uma semana. O órgão também pediu o envio de cópias de notas fiscais para analisar a variação dos valores praticados nas bombas a fim de analisar a regularidade dos reajustes.

“Há movimentos de preços que são normais e perfeitamente legais”, explica a diretora executiva do Procon Porto Alegre, Fernanda Borges. “Mas temos indícios de que os aumentos recentes foram feitos de forma coordenada, o que é considerado ilegal”, lembrou.

Fernanda explica que os postos selecionados constituem apenas uma amostra – e não foram os únicos que podem ter cometido irregularidades. Por isso, a lista dos estabelecimentos notificados não é divulgada.