Ex-presidente do Banrisul entra na Justiça para barrar venda de ações pelo governo

RS vai “rasgar dinheiro público se seguir nessa linha", adverte Mateus Bandeira

Foto: Divulgação/Palácio Piratini

O ex-presidente do Banrisul Mateus Bandeira ingressou com um pedido judicial para barrar a venda de ações do banco. O empresário adverte que o repasse dos papéis a terceiros pode ocasionar um prejuízo bilionário aos cofres do Rio Grande do Sul. A intenção do Palácio Piratini é buscar, com a negociação, um novo fôlego financeiro, mantendo o controle majoritário da instituição. No mês passado, o Banrisul divulgou comunicado ao mercado financeiro informando a pretensão de vender mais ações.

De acordo com Bandeira, a oferta das ações vem ficando abaixo dos valores econômicos potenciais do Banrisul. “A lesão para o erário público com a delapidação desse valioso patrimônio a um preço irrisório é considerável”, elencou Bandeira, no processo judicial. A ação tramita, desde sexta-feira, na 4ª Vara da Fazenda Pública.

Ex-candidato ao Palácio Piratini pelo Novo, nas eleições de 2018, ele também considera que a venda das ações pode impossibilitar o Rio Grande do Sul de aderir ao Regime de Recuperação Fiscal (RRF), por falta de ativos no plano fiscal. “Se o governo seguir nessa linha e reproduzir o que fazia já o governo passado, alienando ações a preços negociados muito próximos do valor patrimonial, vai estar rasgando dinheiro público. Estamos falando de R$ 3 a R$ 4 bilhões”, calcula.

Mateus Bandeira adverte, ainda, que após negociar quase 29 milhões de ações, em duas rodadas de operações, em abril de 2018, o Estado deixou de receber com a valorização da bolsa R$ 258 milhões, por ter vendido os papéis com valores abaixo de mercado.

Enquanto Bandeira busca amparo jurídico, no Legislativo o líder da bancada do Novo, deputado Fábio Ostermann, tenta realizar audiência pública para que o governador Eduardo Leite explique a venda de ações do Banrisul. A legenda se mostra preocupada com a decisão do Piratini de realizar a oferta pública sem privatizar o banco.

Conforme Ostermann, a venda pulverizada desvaloriza as ações da instituição financeira e pode acarretar em perda de R$ 3 bilhões. O pedido de audiência tramita desde o fim de junho na Comissão de Finanças da Assembleia. O colegiado volta a discutir o assunto na volta do recesso parlamentar.