Ciro fala que reforma é “vitória dos banqueiros” e critica voto a favor de Tabata

Ex-ministro também chamou Sérgio Moro de "herói de araque" e defendeu que seja anulado processo em que o então juiz condenou Lula

Foto: Vivian Leal / Rádio Guaíba

A aprovação da reforma da Previdência em primeiro turno, na Câmara dos Deputados, na noite dessa quarta-feira, é uma vitória dos banqueiros, avaliou o ex-ministro Ciro Gomes (PDT). “Foi uma vitória para o governo, mas não foi uma vitória do governo. O poder real não está na mão dos políticos, mas na mão dos banqueiros. Eles que comandaram”, disse Ciro, em entrevista ao programa Esfera Pública, da Rádio Guaíba.

O ex-candidato à Presidência da República lamentou a aprovação da reforma e, entre as consequências dela, projetou contração da demanda no comércio, efeito fiscal zero e ativação da economia nula. “O Brasil está perdendo o nexo comunitário. O cidadão brasileiro mais pobre vai ter que optar entre se come ou se compra remédios”, alertou.

Caso Tabata

Ciro também criticou a deputada Tabata Amaral (PDT), que contrariou a decisão nacional do partido e votou a favor da reforma. Durante a semana, o presidente da sigla, Carlos Lupi, ameaçou os trabalhistas favoráveis ao texto de expulsão. “Se depender de mim, todos os que votaram contra a orientação formal do partido devem ser expulsos”, disse Ciro.

“Não gostaria de particularizar nela, porque me dói como pai. É ‘desgosto de filha’, como diz o verso do Djavan. Recrutei a Tabata. É uma menina que tem origem na favela, é uma pessoa de grande valor, mas o erro que ela cometeu ontem é indesculpável”, completou.

Entre os deputados federais gaúchos, Marlon Santos é outro pedetista que votou a favor da reforma.

Moro

Questionado sobre as conversas entre o hoje ministro da Justiça Sérgio Moro e promotores da força-tarefa da Lava Jato, Ciro avaliou que ações como determinar o calendário de operações e orientar a ouvir testemunhas causaram “desequilíbrio na atuação” do então juiz federal. “Ele é parte do processo penal. Ele aconselhou as partes – isso já está evidenciado. Se tem um brasileiro que sabe que Lula não tem nada de inocente sou eu. Meteu essa gente pra roubar na Petrobras sabendo. Eu, Ciro Gomes, denunciei. (…) Porém, até um reles bandido – coisa que eu, definitivamente não acho que o Lula seja – merece e tem direito a um julgamento equilibrado”, acrescentou o ex-ministro.

Ciro também disse ver motivos para anular o processo. “Não há nenhuma alternativa. A lei fala com clareza. Não se declarando o juiz, ele próprio, parte suspeita por essas condições objetivas, é nulo o procedimento onde ele tiver participado desde a origem. Não que ele saia absolvido”, comentou, defendendo que sejam anulados apenas os atos que se referem ao processo do ex-presidente Lula.

O ex-ministro ainda questionou: “Como fica a magistratura brasileira se só um juiz faz o dever de combater os criminosos do colarinho branco, os políticos, os poderosos? Cadê o resto dos juízes? Será que a gente vai acreditar nisso mesmo? (…) De vez em quando se produz um herói de araque, porque a gente precisa acreditar em alguma coisa”, considerou.

Eleições 2022

Candidato a presidência por três vezes, Ciro Gomes não esconde o desejo de uma nova candidatura em 2022. “Vou pensar 150 vezes antes de decidir. Mas vou cumprir minha obrigação até lá: lutar”, finalizou.

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