Emocionado, Maia agradece votação expressiva na reforma da Previdência

“Quando nós construímos um texto, ele não é o texto dos sonhos de cada um de nós", disse o presidente da Câmara

Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Em tom de desabafo, o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), disse que a aprovação do texto-base proposta da reforma da Previdência (PEC 6/19), na noite desta quarta-feira, é um “momento histórico” para os que defendem e não defendem a proposta. Responsável pela condução da aprovação da reforma, Maia discursou durante 16 minutos, agradeceu aos líderes partidários, destacou trechos da proposta e chorou.

“Todos nós falamos muito em combater privilégios, e o nosso sistema previdenciário e de assistência comete um dos maiores erros que um sistema pode cometer, porque o nosso sistema previdenciário, como é deficitário, coloca o Brasil em uma realidade muito dura. Para cada idoso abaixo da linha da pobreza, nós temos cinco crianças, e estas reformas vêm no intuito de reduzir desigualdades, e esse é o objetivo de todos os parlamentares aqui presentes”, afirmou.

Maia capitaneou o resultado do placar – 379 votos a favor e 131 contra. Apesar da tendência de aprovação da matéria, o mapeamento de votos realizado pelo governo sugeria 330 os votos favoráveis, pouco acima dos 308 necessários para aprovação de proposta de emenda à Constituição.

O deputado se emocionou quando o líder do PSL, Delegado Waldir (GO), pediu aplausos a Maia pela condução da apreciação da matéria.

“Quando nós construímos um texto, ele não é o texto dos sonhos de cada um de nós. Eu não defendo a [regra] de transição nem dos servidores públicos, nem dos professores, nem para a Polícia Federal. Mas existem muitos representantes dos servidores públicos aqui, e alguma transição foi construída. Ela mantém alguns benefícios em relação aos brasileiros que não conseguem completar nem 15 anos de contribuição e que se aposentam com mais de 65 anos hoje – antes da reforma”, ressaltou Maia.

Ao apontar as despesas públicas como o primeiro “monstro” a ser enfrentado, Maia criticou a iniciativa privada destacando que o setor recebe do Estado R$ 400 bilhões em renúncias fiscais e não gera o retorno esperado, tanto em eficiência quanto em geração de emprego.

“Quem fala em reduzir impostos hoje, não está falando a verdade. Nós temos que primeiro enfrentar esse ‘monstro’ que são as despesas públicas – que são concentradas em poucas corporações públicas e privadas. O setor privado também tem responsabilidade porque leva R$ 400 bilhões por ano [em renúncias fiscais], muitas vezes sem eficiência na sua empresa e sem gerar empregos para os brasileiros. Não é só o serviço público que é responsável”, afirmou.

Maia também defendeu o Congresso e o chamado centrão, grupo de partidos de centro, que vem sendo sido criticado em manifestações de apoio à reforma da Previdência pelo Brasil. Para Rodrigo Maia, o Parlamento brasileiro recuperou o papel institucional, que não tinha há muitos anos.

“O centrão, essa coisa que ninguém sabe o que é, mas é do mal. Mas é o centrão que está fazendo a reforma da Previdência, são esses partidos que se dizem do centrão. Eu tenho muito orgulho de presidir a Câmara e de ter a confiança dos líderes, não só daqueles que pensam como eu penso, mas daqueles que pensam de forma distinta da que eu penso. Essa relação de confiança é que faz o Parlamento de hoje ter um protagonismo que não tem há muitos anos, e nós não podemos perder a oportunidade, sem interesse de tirar nenhum poder do presidente da República, sem tirar nenhuma prerrogativa do presidente da República”, disse.

Aprovação
Depois de oito horas de debates, o plenário da Câmara aprovou, em primeiro turno, o texto principal da reforma da Previdência. A expectativa de Rodrigo Maia é que a Casa conclua a votação, em segundo turno, até sábado de manhã.