Em áudio vazado, Deltan Dallagnol comemora proibição de entrevista de Lula em 2018

Em mensagem divulgada pelo The Intercept Brasil, procurador fala que notícia é boa "para terminar bem a semana”

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Em um áudio inédito divulgado pelo The Intercept Brasil nesta terça-feira, o procurador da República Deltan Dallagnol celebra a proibição de entrevista do ex-presidente Lula ao jornal Folha de São Paulo. Em 28 de setembro de 2018, o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski havia autorizado o petista a conversar com jornalistas, mas, horas depois, outro magistrado da Suprema Corte, Luiz Fux, emitiu uma liminar suspendendo a decisão do colega. Em um grupo no Telegram, Dallagnol dá a “notícia boa para terminar bem a semana”.

“Caros, o Fux deu uma liminar suspendendo a decisão do Lewandowski que autorizava a entrevista, dizendo que vai ter que esperar a decisão no plenário. Agora, não, não, não vamos alardear isso aí. Não vamos falar para ninguém. Vamos manter, ficar quieto, para evitar a divulgação o quanto for possível, porque, quanto antes divulgar isso, antes vai ter recurso do outro lado, antes isso aí vai para o plenário”, segue o procurador.

Ele também fala sobre instruções passadas sobre como agir em relação à medida de Fux. “O pessoal pediu para a gente não comentar aí publicamente e deixar que a notícia surja por outros canais para evitar precipitar recursos de quem é… tem uma posição contrária à nossa”, fala o procurador, sem especificar quem é o “pessoal”. “Mas a notícia é boa para começar, terminar a semana depois de tantas coisas ruins, e começar bem a semana. Abraços! Falou”, finaliza.

“Reza, sim”

Em uma mensagem privada, no mesmo aplicativo e também divulgada hoje, mas em texto, o procurador interage com uma colega, que segundo Intercept, escreveu: “Ando muito preocupada com uma possível volta do PT, mas tenho rezado muito para Deus iluminar nossa população para que um milagre nos salve”. Segundo o site, Deltan então responde: “Reza, sim. Precisamos como país”.

O que disse o MPF

O Ministério Público Federal (MPF) no Paraná afirmou, em nota, que as mensagens atribuídas a procuradores da Operação Lava Jato e divulgadas pelo The Intercept Brasil são “oriundas de crimes cibernéticos e não puderam ter seu contexto e veracidade verificados” pelas autoridades.

Desde abril do ano passado, o ex-presidente Lula está preso na Superintendência da Policia Federal (PF), na capital paranaense, em função da condenação no processo do triplex do Guarujá (SP).

Relembre

Em julho de 2018, a força-tarefa da Lava Jato, chefiada por Deltan Dallagnol, enviou à Justiça Federal parecer contra pedido de jornalistas para entrevistar o ex-presidente. Na ocasião, o procurador Januário Paludo disse que “Lula não está acima de lei” por trata-se de um “preso comum e não especial”.

Em seguida, a juíza federal Carolina Lebbos, da 12ª Vara Federal de Curitiba, negou os pedidos de entrevista.

Posteriormente, o Supremo Tribunal Federal (STF) assumiu o caso. Em 28 de setembro, o ministro Luiz Fux suspendeu a liminar concedida pelo ministro Ricardo Lewandowski que autorizou o ex-presidente a conceder entrevista à Folha. Meses depois, uma decisão do ministro Dias Toffoli acabou liberando a entrevista.