Professores do ensino agrícola buscam novos métodos de ensino

Em torno de cem pessoas participaram, no decorrer desta sexta-feira, 5 de julho, do 34º Encontro Estadual de Professores e 7º Congresso Nacional de Ensino Agrícola, em Porto Alegre. Organizados pela Associação Gaúcha de Professores Técnicos de Ensino Agrícola (Agptea) e Federação Nacional de Ensino Agrícola (Fenea), os eventos trataram tanto de temas técnicos, como sustentabilidade e tecnologia, quanto da valorização da categoria docente.

O professor Ricardo Antonio Rodrigues, do Instituto Federal de Farroupilha (IFFar) abriu os trabalhos com a palestra “Ser professor e a liderança em tempos de retrocesso e crise das e nas instituições”. Para ele, é preciso que os próprios professores repensem sua função social a fim de que a classe seja valorizada. “Nosso ofício é liderar as pessoas para o conhecimento. Não existe nenhuma profissão sem professor. Devemos retornar às nossas raízes e sempre fazer reflexões para ler corretamente a realidade e assim inspirar nossos alunos. Ensinar é despertar o desejo de aprender”, afirmou.

Rodrigues acrescentou que deve-se olhar mais para as licenciaturas a fim de formar novos mestres e aumentar a qualidade do ensino. De acordo com ele, a união da classe é fundamental no processo de resgate da identidade. “Governos vão, as escolas ficam. Dar aulas é ter consciência do que podemos inspirar a criar”, defendeu.

Na palestra “Manejo de espécies cultivadas com Eficácia, Racionalidade e Sustentabilidade”, o professor da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Sérgio Miguel Mazaro, alertou que a agricultura de precisão, drones, imagens de satélite são exemplos de como o avanço tecnológico pode contribuir para a performance positiva da agricultura mas não devem ser tratados como fontes únicas para a tomada de decisão no campo. “O técnico, o agrônomo de botina está acabando”, afirmou, explicando que é cada vez mais raro profissionais que entram, literalmente, na lavoura para analisá-la com olho clínico. “Isso está se perdendo. Tudo está interligado, se comunicando. Mas será que vamos continuar observando a lavoura? Ou vamos ter só equipamentos? Nós no escritório e a tomada de decisão só por inteligência artificial?” provocou.

Mazaro alegou que, atualmente, prevalecem “os técnicos e agrônomos do asfalto”, e que mesmo a tecnologia sendo encantadora, de nada adiantará se os futuros profissionais agrícolas não tiverem uma boa base de conhecimento do campo. “Daqui a pouco estamos entrando na geração 4.0 do agronegócio, mas sem racionalidade, efetividade, sustentabilidade para o processo produtivo. A grande maioria dos agricultores não vai mais na lavoura”, apontou o professor.

Outro palestrante dos eventos foi o deputado federal Giovani Cherini. Ele abordou o tema “Práticas integrativas para uma vida saudável”. Finalizou o encontro nesta sexta-feira, dia 5 de julho, com um bate-papo sobre demandas da Educação Profissional, com a participação de representantes de entidades e do presidente da Agptea, Fritz Roloff. A tônica desses encontros é sempre fomentar e buscar alternativas para a melhoria do processo de aprendizagem”, enfatizou.