A Justiça Militar terminou de ouvir, nesta sexta-feira, testemunhas de defesa dos militares do Exército envolvidos na morte do músico Evaldo Rosa e do catador Luciano Macedo, baleados durante operação em 7 de abril, no bairro de Guadalupe, na Vila Militar, zona norte do Rio de Janeiro. No total, ontem e hoje foram ouvidas 11 testemunhas, quase todas militares.
A próxima fase do inquérito ocorre em agosto, quando serão arroladas novas testemunhas de defesa. A expectativa da promotoria é encerrar o caso até o fim do ano. A juíza Mariana Aquino Campos presidiu a sessão.
A promotora Najla Nassif disse que o Ministério Público Militar (MPM) defende a condenação para todos os envolvidos na ação. “Os militares fizeram a suposição de que havia autores do roubo anterior, porque o carro tinha a mesma cor e modelo, então eles dispararam pela suposição absolutamente equivocada. Isso conduziu a esse erro, que levou a um crime que causou a morte de dois civis. Apontamos para a condenação dos militares, nos termos que colocamos na denúncia, por homicídio consumado, tentado e omissão de socorro”, disse a promotora.
O advogado de defesa Paulo Henrique Pinto de Mello argumentou que a região é altamente conflagrada com o tráfico de drogas, o que gera tensão nos militares, e que pode ter havido tiros contra a guarnição, por parte de traficantes.
“Pela manhã, eles [os militares, em ação anterior, contra criminosos] ficaram encurralados, sob forte quantidade de tiros do tráfico local. Os réus estiveram sob forte tensão nervosa. Mais à frente, foram alvejados, e a defesa vai comprovar isso, possivelmente por traficantes que estivessem posicionados no prédio, e reagiram à altura, considerado o número de militares”, disse Pinto de Mello.
As testemunhas de acusação, incluindo a família alvejada, foram ouvidas em maio. Evaldo seguia com a família, para um chá de bebê, quando se deparou, por volta das 14h30min, com uma patrulha do Exército.
Em seguida, tiros atingiram o veículo. O músico morreu e o sogro dele, Sérgio Gonçalves, ficou ferido. Os demais ocupantes, a esposa de Evaldo, Luciana dos Santos, o filho de 7 anos e a amiga do casal, Michele da Silva Leite, não se feriram. O catador Luciano tentou ajudar Evaldo e a família. Baleado, ele morreu internado, dias depois do crime.