“Vão fazer filas para investir no Rio Grande do Sul.” Essa foi a frase do deputado federal Darcísio Perondi, do MDB gaúcho, sobre as consequências da aprovação da reforma da Previdência no país. A comissão especial formada na Câmara dos Deputados para analisar o tema retoma nesta terça, em Brasília, os debates acerca do projeto do governo federal.
Perondi integra a comissão e conversou com a Rádio Guaíba na manhã desta terça-feira. Ao programa Direto ao Ponto, alegou que empresários nacionais e internacionais estão apenas esperando a reforma passar no Congresso para voltarem a apostar no Brasil. “Empresários gaúchos, se preparem, se passar a reforma da Previdência os investidores vão fazer fila para investir no Brasil”, reafirmou.
“É matar ou morrer. É fazer a reforma ou voltar para o buraco fiscal. Em seguida, a reforma tributária e as privatizações, o enfrentamento aos bancos, que são gananciosos, tudo isso vem para contribuir”, disse o parlamentar. Ainda garantiu que esta reforma é “mais pesada que a de Temer”, e que será uma reforma “para todos”.
Questionado sobre os privilégios de determinadas categorias dentro do projeto, salientou que “quem ganha mais vai trabalhar mais e vai pagar mais, esse é o primeiro princípio. Quem ganha menos vai ter que continuar trabalhando como já trabalha.” Também falou sobre a questão do funcionalismo público, que classificou como uma “barbaridade”. Sustentou que “não há dinheiro que pague” quando alguns servidores públicos se aposentam “com 48, 45 anos”.
Sobre o regime especial que beneficia os parlamentares, alegou que estes também estão na mira da reforma. Entretanto, admitiu que os deputados federais que estiverem legislando poderão optar se querem entrar no novo regime geral ou seguir com os benefícios da lei anterior. Os que forem eleitos nos pleitos subsequentes entram no regime novo, “mas não vai mexer nos direitos adquiridos”.
Perondi também falou acerca de alguns pontos retirados da proposta encaminhada pelo governo de Jair Bolsonaro, o que teria desagradado o ministro da Economia, Paulo Guedes. Afirmou que muitos desses aspectos estão sendo reavaliados e a tendência é de que eles retornem ao texto, a contribuição extraordinária. Já o regime de capitalização, visto como o “xodó” de Guedes, deve ficar de fora: “perderíamos pelo menos 30 votos com ele no relatório. Se voltar, vai ser no Senado”, disse.
Por fim, ressaltou que a reforma da Previdência já foi realizada em outros países que verificaram o fenômeno que vem sendo observado no Brasil, em que a expectativa de vida da população aumenta e a natalidade cai. “Então, quase o mundo inteiro já fez essa reforma, e nós estamos fazendo atrasados. Os trabalhadores do futuro vão pagar nossas aposentadorias, e como estão nascendo menos pessoas e vivendo mais, é preciso pensar nisso, pois vai haver menos gente nascendo e mais gente vivendo mais tempo”, ponderou.
Sobre o rombo deixado por empresas sonegadoras, que possuem grandes dívidas com a União referentes à Previdência, disse que os valores não resolvem a questão. O deputado apontou que o déficit total gira na casa dos R$ 400 bi, dos quais quase a metade diz respeito a empresas cujos proprietários ou famílias “desapareceram”. Sobre o restante, cerca de R$ 200 bi, esclareceu que são referentes a processos que se arrastam e que “a Justiça é lenta”, e que pouco mais de R$ 5 bi são recuperados ao ano pelo governo.