“Ele jamais vai ser esquecido. Para nós não há palavras esse carinho da comunidade, porque não é fácil manter o nome de um artista.” É com esse sentimento que Gildo José de Freitas, o Gildinho, 73 anos, fala do evento que homenageia o pai, Gildo de Freitas, considerado o Rei dos Trovadores, que se tivesse vivo comemoraria 100 anos. O centenário rendeu uma programação especial no Parque Municipal de Eventos, em Viamão, na Região Metropolitana, local em que o artista escolheu para viver e onde está sepultado.
Neste domingo, no último dia do evento, ocorreu no início da manhã uma cavalgada, que reuniu uma centena de participantes. Os festejos – organizados pela família Freitas e a prefeitura da cidade – iniciaram no dia do aniversário do artista, quarta-feira, e se estenderam até o fim de semana. De acordo com Gildinho, o legado de Leovegildo José de Freitas é passado através das gerações.
“Queremos manter tudo o que ele deixou para o povo gaúcho. Para realizar essa atividade contamos com a parceria de muitas pessoas que acompanharam a vida do pai”, expressa. O neto do poeta gaúcho, Eugênio de Freitas, diz que participou de várias caravanas com a avô. “Eu sei que as pessoas gostavam muito dele. Queremos resgatar essas lembranças”, frisa. Para o secretário de Cultura de Viamão, Lucianinho Alves, Gildo foi um ícone não apenas para o Rio Grande do Sul. “Ele não nasceu aqui, mas escolheu a cidade como a terra do coração, isso o torna um viamonense querido”.
Durante os cinco dias de evento, itens pessoais do cantor, como instrumentos musicais e bombachas, foram expostos para o público. Entre a série de homenagens, aconteceu o lançamento de uma coletânea com 12 faixas intitulada 100 anos – Gildo de Freitas. O CD foi elaborado através das gravações de admiradores do trabalho do trovador. Entre elas, há uma trova feita pelo músico na casa do Teixeirinha.
Nascido no bairro Passo da Areia, em Porto Alegre, no ano de 1919, fugiu de casa aos 12 anos para cantar em canchas de carreira e bocha. Ele casou-se com Carminha, hoje com 93 anos e moradora de Alvorada, companheira de jornada, em 1941. Além de Gildinho, outros quatro filhos – Neuza, 72, Paulo, 71, Zeca, 70, e Leovegildo, 61. Em 1953 ele começou a participar de programas de rádio, o que ajudou a torná-lo conhecido. Dois anos depois, conheceu Teixeirinha, com quem teve uma amizade conturbada. Entre as faixas inesquecíveis lançada pelo tradicionalista estão “Eu reconheço que sou um grosso” e “Desafio de um paulista e de um gaúcho”.