Hacker tentou se passar por Moro no Telegram no dia 4, revela PF

No dia 5, governo revelou que ministro teve o aparelho desativado após perceber que, um dia antes, havia sido alvo de ataque virtual

Foto: Luiza Dorneles/CMPA

A Polícia Federal (PF) informou ter elementos de prova de que um hacker tentou se passar pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e mandou mensagens para terceiros em nome do ex-juiz da Operação Lava Jato. Um dos elementos é uma mensagem enviada em 4 de junho a um funcionário do próprio gabinete de Moro, depois de ativar uma conta do aplicativo de troca de mensagens Telegram.

Diálogos atribuídos a Moro e ao procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, passaram a ser divulgados pelo site The Intercept Brasil, desde o dia 9. Segundo a publicação, os diálogos sugerem suposta conduta irregular do então juiz da Lava Jato e consequente comprometimento das decisões dos processos julgados na 13ª Vara Criminal, em especial no caso do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva – preso e condenado por corrupção desde 8 de maio de 2018.

Em entrevista exclusiva ao jornal O Estado de S. Paulo no dia 14, Moro pediu a apresentação integral do material obtido pelo site, falou em tentativa de obstrução da Justiça e interesse de réus da Lava Jato e viés político-partidário na forma de divulgação.

O ministro da Justiça garante ter saído do Telegram e excluído a conta em 2017. No dia 5 de junho, o governo revelou que Moro teve o aparelho desativado após perceber que, um dia antes, havia sido alvo de ataque virtual. O ministro teve o celular invadido por volta das 18h do dia 4. Ele só percebeu após receber três telefonemas do próprio número. O ex-juiz, então, acionou investigadores da Polícia Federal, informando da suspeita de clonagem.

Clone

A reportagem do Estadão teve acesso a uma dessas cópias. Nela, o hacker usa uma conta do Telegram vinculada ao número de Moro. No aparelho que recebeu, o nome aparece com “SFM”, abreviação de Sergio Fernando Moro. Era 4 de junho, mesmo dia em que Moro afirmou ter recebido três ligações do aplicativo em nome dele.

O clone enviou mensagem a uma pessoa próxima de Moro às 21h17min. No texto, o hacker escreve: “Boa noite. O que achou dessa matéria?”, anexado a uma publicação do site do próprio Ministério da Justiça sobre o projeto anticrime do governo.

No material analisado pela PF, há elementos de que a conta clonada de Moro continuou ativa até pelo menos a última semana.