Fraport afirma que precisa de área da Vila Nazareth até dezembro para cumprir cronograma de obras

Ampliação da pista do Aeroporto Internacional Salgado Filho depende da remoção de cerca de 1,3 mil famílias da região

Foto: Guilherme Testa / CP Memória

A Fraport, empresa que administra o Aeroporto Internacional Salgado Filho, em Porto Alegre, afirmou que precisa da área onde hoje se localiza a Vila Nazareth até o final de dezembro para que o cronograma de obras seja cumprido. No total, 1,3 mil famílias terão de deixar o local para que os trabalhos de ampliação do aeródromo sejam finalizados. Nesta manhã (19) houve a assinatura para a liberação dos primeiros contratos de reassentamento da população do local.

As mudanças devem começar já no final desta semana, com a mudança de 128 famílias para o condomínio Senhor do Bom Fim, no bairro Sarandi. A segunda etapa está prevista para ocorrer até o final do ano, e trata de outras 1.172 famílias, 236 também para o Senhor do Bom Fim e outras 936 para o condomínio Irmãos Maristas, no bairro Rubem Berta, que ainda não foi concluído. Questionada sobre a possibilidade de cumprir o prazo do cronograma da Fraport, a prefeitura afirma que “está trabalhando para isso”.

Inicialmente, a previsão era de começar a transferência das famílias ainda em abril, mas o prazo acabou estendido. Cada apartamento, financiado pelo programa Minha Casa Minha Vida, terá dois quartos, sala, cozinha e banheiro. As famílias receberão R$ 2 mil para custear a mudança e compra de móveis. Os apartamentos foram custeados com recursos públicos, e obras do entorno serão proporcionadas pela Fraport para agilizar o processo.

Impasses no caminho

Pelo menos duas comunidades foram afetadas com as obras: a da Vila Dique e a da Vila Nazareth. Os moradores da Dique foram realocados para um condomínio na região do Porto Seco, no Conjunto Habitacional Porto Novo. Cerca de 1,2 mil famílias foram encaminhadas para o espaço nos últimos dez anos, em um processo gradual.

O Departamento Municipal de Habitação (Demhab) vem realizando o cadastro dessas famílias desde que a obra de ampliação do aeroporto passou a ser discutida. Nos dois condomínios reservados às comunidades afetadas pelas obras as unidades habitacionais que até então estavam vazias foram invadidas. Ao poder público restou a tarefa de reintegrar os imóveis e repará-los antes de encaminhá-los às famílias.

Responsabilidades no processo

A Fraport vai custear as mudanças (os R$ 2 mil por família descritos acima) e será responsável por obras de melhorias dentro dos condomínios e adjacências. O Ministério Público Federal (MPF) havia recomendado ainda em junho que a concessionária custeasse o processo total de realocação, orçado em cerca de R$ 140 milhões, e disse que não deve se pronunciar já que a proposição não foi acatada. A Fraport disse que não tem responsabilidade sobre o custo total, e que sua responsabilidade se limita à desocupação das áreas.

Ainda em setembro do ano passado, um acordo de cooperação técnica entre a prefeitura e a Fraport foi assinado. Nele, a concessionária se comprometeu com obras de compensação ambiental, que irão beneficiar o Parque Estadual de Itapuã e o Refúgio de Vida Silvestre Banhado dos Pachecos com verbas correspondentes a 0,6% do valor total da obra, que é de R$ 1,8 bilhões.

A obra

A Fraport, que venceu a licitação para explorar o Salgado Filho pelos próximos 25 anos a contar de março de 2017, vai garantir a ampliação da pista em 920 metros, o que permite o recebimento de aeronaves de maior porte. Pelo contrato, a obra deve durar até 52 meses, devendo ser entregue, no máximo, em 2021. A concessionária garante que um total de 63% da obra já foi concluído e que o cronograma, hoje, está mantido.

Em 1º de abril foi entregue a área expandida do terminal 1, com nova área de check-in, embarque e desembarque.