Série Olhos que Condenam é um soco no estômago

Produção conta a história real de cinco jovens condenados sem provas em 1989

Série Olhos que Condenam./ Divulgação./

A série Olhos que Condenam (When they see us) é um soco no estômago protagonizado pelo racismo e a injustiça. A produção conta a história real de quatro jovens negros e um latino que são acusados e condenados, sem provas, pelo estupro de uma mulher no Central Park, em 1989. Olhos que Condenam foi criada por Ava DuVernay, distribuída pela Netflix e tem uma temporada com quatro episódios de cerca de 1h, 1h15 de duração.

A série

Olhos que Condenam aborda a vida e as dificuldades étnicas, sociais, raciais e familiares em que Kevin Richardson, Tron MCray, Korey Wise, Yusef Salaam e Raymond Santana Jr. estão envolvidos. Acima disso, expectador vê, passo a passo, o caos se instaurar na vida daqueles jovens, com idade entre 14 e 16 anos, e que apenas estavam reunidos no Central Park na noite do crime.

É notório que eles não têm nada a ver com o fato. Mas os policiais montam um esquema, até descuidado, para incriminá-los. Eles querem achar os responsáveis por quase matar uma corredora branca de classe média alta.

Interrogados sem os pais, coagidos a confessar e assinar uma culpa que não lhes pertenciam, os cinco jovens são levados ao júri com pouquíssimas chances. O mais contraditório é que não existia uma testemunha que os colocasse na cena do crime, a mulher estuprada não recordava do ataque, o DNA encontrado no local não pertencia a nenhum deles. Porém, mesmo assim, os cinco foram considerados culpados em jogo sujo armado pela polícia e promotoria.

A série é muito boa em nos causar desconforto. Os meninos são abusados, física e moralmente, seus direitos são negados e eles, crianças, acreditam na ilusão de que irão para casa se confessarem algo que não fizeram. A série incomoda por ter os planos muito próximos, não permitindo que o espectador desvie o olhar. A série choca pela ausência de empatia e compaixão. E a série se torna ainda mais perturbadora por não ser ficção.

Divulgação./

Com quatro capítulos, a produção mostra a vida deles, o dia do passeio no parque, quando eles deixam de ser testemunhas e viram suspeitos. Depois, o julgamento, seguido de como foi a vida dos quatro no reformatório, com a liberdade e a volta para casa. Em um dos episódios mais chocantes, vemos a vida no sistema penitenciário a que Korey Wise foi submetido. Ele viveu no cárcere por já ter 16 anos.

Desfecho

Wise foi o último a ser libertado, em 2002. A situação mudou de panorama quando um detento confessou o crime com detalhes e a policia rapidamente conseguiu comprovar que ele era o culpado, inclusive que o DNA na cena do crime é dele. Este homem que confessou costumava estuprar mulheres em Nova York naquele período e estava detido por admitir crimes semelhantes.

A condenação de cada um dos cinco foi retirada, eles foram considerados inocentes e os antecedentes criminais também foram retirados. Apenas em 2014 o grupo conseguiu uma indenização milionária: US$ 41 milhões.

O caso que ficou conhecido como ”os cinco do Central Park” estava apagado na memória norte americana. Mas, a Netflix ajudou a recordar essa história, que nunca deveria ser esquecida para não se repetir.

https://www.youtube.com/watch?time_continue=2&v=InMokMK3ji4

 

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