O editor-executivo do The Intercept Brasil, Leandro Demori, confirmou hoje que o site teve acesso a mais conversas envolvendo o então juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol. Em entrevista a uma emissora de rádio de São Paulo, o jornalista disse que, em uma delas, o coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, no Ministério Público Federal do Paraná, garante ter o apoio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux.
“O ministro Fux disse quase espontaneamente que Teori (Zavascki) fez queda de braço com Moro e viu que se queimou, e que o tom da resposta do Moro depois foi ótimo”, comenta o procurador, segundo as mensagens repassadas pela fonte do The Intercept. “(Fux) disse para contarmos com ele para o que precisarmos, mais uma vez. Só faltou, como bom carioca, chamar-me para ir à dele”, escreve Dallagnol, conforme o relato do jornalista.
A resposta de Moro, na conversa revelada, é curta, e vem em tom de brincadeira. “Excelente. In Fux we trust.”
Na noite de hoje, o The Intercept decidiu publicar, na íntegra, os diálogos que embasaram a reportagem publicada no domingo passado. De acordo com o site, as conversas, entre o então juiz Sérgio Moro e os procuradores da força-tarefa da Lava Jato no Paraná ocorreram de outubro de 2015 a setembro de 2017.
Para procuradores, “diálogos inteiros podem ter sido forjados por hacker”
Mais cedo, a força-tarefa afirmou, em nota, que “diálogos inteiros podem ter sido forjados pelo hacker ao se passar por autoridades e seus interlocutores”. “Uma informação conseguida por um hackeamento traz consigo dúvidas inafastáveis quanto à sua autenticidade, o que inevitavelmente também dará vazão à divulgação de fake news”, dizem os procuradores, em nota.
A força-tarefa também ressalta que as “investidas criminosas contra celulares de autoridades de diferentes instituições da República continuam a ocorrer com o claro objetivo de atacar a operação Lava Jato”.
“Mais uma vez, na noite da última terça-feira, 11 de junho, um hacker passando-se por um integrante do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), cuja identidade virtual havia sequestrado, entabulou conversas com outras autoridades e ainda em grupos de aplicativos de trocas de mensagens eletrônicas. Distorcendo fatos, o hacker enviou mensagens com o objetivo claro de desacreditar a imagem de integrantes da força-tarefa, estimulando ainda que seu interlocutor as compartilhasse com o viés de ‘queimar a imagem’ dos integrantes do MPF”, prosseguem os procuradores.
Para a força-tarefa, a divulgação de supostos diálogos obtidos por meio ilícito, agravada pelo contexto de sequestro de contas virtuais, torna impossível aferir se houve edições, alterações, acréscimos ou supressões no material alegadamente obtido.
“O ataque em grande escala, em plena continuidade, envolvendo integrantes do Ministério Público, Poder Judiciário, Poder Executivo e imprensa, revela uma ação hostil, complexa e ordenada, típica de organização criminosa, agindo contra as instituições da República. É necessário não apenas identificar e responsabilizar o hacker, mas também os mandantes”, finaliza o comunicado.
Acesse aqui a nota, na íntegra.