Previsto para terminar às 19h30min desta sexta-feira, o julgamento dos três acusados de assassinar, em 2008, a aposentada Ilza Lima Duarte, de 77 anos, já dura oito horas, nesta sexta-feira. A sessão começou, ainda nessa quinta-feira, na 2ª Vara do Júri de Porto Alegre, tendo sido retomada às 9h45min de hoje.
Nessa manhã, a defesa dos três réus teve duas horas e meia para apresentar as teses. Respondem pelo crime o ex-porteiro do prédio em que a idosa residia Paulo Giovani Lemos da Silva, a empregada doméstica Andréia da Rosa, e o esposo dela, Pablo Scher, que era auxiliar de serviços gerais do prédio.
Os três foram acusados de matar Ilza a mando de um casal de vizinhos, que tinha interesse na herança dela. A idosa teve o corpo encontrado em fevereiro de 2008, dentro do apartamento em que vivia, no Centro de Porto Alegre.
Depois do intervalo para o almoço, o Ministério Público (MP) apresentou réplica, com exibição de áudios e vídeos da época dos fatos, em que Pablo relata à Polícia como matou a vítima. A defesa ganhou mais duas horas para a tréplica.
De acordo com a denúncia, Silva e Scher entraram no apartamento da idosa, com as chaves da porta, e a estrangularam. A empregada doméstica Andréia é acusada de ter prestado auxílio moral e material ao crime. Uma recompensa em dinheiro motivou a execução do assassinato, conforme o MP.
O casal acusado de ordenar o crime, Maria Fernanda Corrêa Homrich e Roberto Petry Homrich, deve ir a júri popular em outra data. Ambos eram herdeiros testamentários da idosa, mas a autenticidade da documentação ainda é investigada.
O processo detalha que os réus alteraram o local do crime, de modo a simular que a idosa havia sofrido morte natural, ao tomar café da manhã na cama.
Os três réus respondem por homicídio qualificado (motivo torpe, promessa de recompensa, meio cruel, asfixia e recurso que dificultou a defesa da vítima) e por fraude processual (alterar a cena do crime).
O que dizem a acusação e uma sobrinha da vítima
O promotor de Justiça André Gonçalves Martinez, que trabalha na acusação, disse esperar que “seja feita a justiça”. Sobre os réus, ele levanta a tese de conluio: “A motivação que a todos une é a ganância, uma vez que havia uma instituição de herdeiros que tentou ser legitimada após a morte. Houve uma declaração colhida da vítima que ainda não foi reconhecida a autenticidade. Esse crime foi bárbaro e covarde”, avaliou, lembrando ter ficado claro que o crime só era possível para quem conhecia a rotina da vítima.
Segundo ele, um testamento de Ilza, de 2005, deixou cinco imóveis como herança para os filhos de uma sobrinha. Na relação de vizinhança do casal com a idosa, surgiu então um novo testamento. Para o promotor, os mandantes quiseram “acelerar” o recebimento da herança.
A defesa cabe aos advogados Rafael Soto e Paulo Dariva, além da defensora pública Tatiana Kosby Boeira. Os três pretendem provar a inocência dos clientes.
A sobrinha de Ilza, que participa do julgamento, também espera que exista justiça. “Estamos há 11 anos nesta angústia e expectativa. Induziram minha tia a fazer um testamento para depois matarem ela”, desabafou Daese Duarte, de 65 anos. “Ela havia feito um testamento para meus dois filhos de 10 e 13 anos na época. Já o novo testamento surgiu pouco antes do crime”, recordou. “Induziram a minha tia a brigar com as amigas de infância e comigo”, contou.