“Não foi crítica ao governo nem ao Congresso”, revela autor de texto que Bolsonaro compartilhou

Analista da CMV se candidatou a vereador em 2016 pelo Novo

Foto: Reprodução/TSE

O analista da Comissão de Valores Mobiliários Paulo Portinho assumiu a autoria do texto divulgado, nesta sexta-feira, pelo presidente Jair Bolsonaro, no qual fala em pressões de várias “corporações” sobre o Palácio do Planalto. Segundo ele, a mensagem não era uma crítica nem ao governo nem ao Congresso, mas sim a pessoas com “influência no orçamento público”.

“Não foi crítica ao governo nem ao Congresso. A única coisa que quis dizer no texto é o que está acontecendo no Brasil, mas não só agora. A impressão que temos é de que as pautas que vão para a eleição só são implementadas se houver interesse das corporações”, disse Portinho, em declarações para o jornal O Estado de S.Paulo.

“Não estou generalizando, mas sim falando de pessoas com muita influência sobre o orçamento público”, prosseguiu o analista, que se candidatou a vereador do Rio de Janeiro em 2016 pelo Novo.

Publicado no perfil de Portinho, na manhã de sábado passado, no Facebook, o texto repercutiu nas redes sociais após Bolsonaro distribuir a mensagem a grupos pelo WhatsApp, nesta sexta. Ao compartilhar o texto, o presidente escreveu: “Um texto no mínimo interessante. Para quem se preocupa em se antecipar aos fatos sua leitura é obrigatória. Em Juiz de Fora (em setembro do ano passado), tive um sentimento e avisei meus seguranças: Essa é a última vez que me exporei junto ao povo. O Sistema vai me matar. Com o texto abaixo cada um de vocês pode tirar suas próprias conclusões.”

Apesar da publicação ter chegado ao Planalto, Portinho garante não ter vínculos nem conhecer ninguém ligado a Bolsonaro. Defensor de uma pauta liberal na economia, o analista disse ter escrito a análise para comentar a visão dele sobre acontecimentos envolvendo a política brasileira, incluindo também os governos de FHC, Lula e Dilma.

“A gente vota em uma pauta liberal, mas a impressão que ficamos é que nada do que se fala nas campanhas pode sair. Quando você vê a história do Brasil, vê que o que se discute na eleição não é exatamente (aquilo com que) o que dá pra governar”, disse. “E com um governo com tantas dificuldades de relacionamento, como o governo Bolsonaro, isso fica mais evidente, os atritos são maiores.”

“A única coisa que espero, um objetivo pessoal, é que os três Poderes atinjam o nível máximo de racionalidade que eles possam ter. Se não sair a pauta do Bolsonaro, que saia a pauta do Congresso, mas que seja uma pauta que leve o Brasil adiante”, afirmou.

Formando em Engenharia e mestre em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Rio (PUC-RJ), Portinho disputou a vereança em 2016 pelo Partido Novo, ao qual se filiou em 23 de dezembro de 2012, segundo base de dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O analista continua filiado ao partido, mas relata não participar das discussões políticas da sigla.

Ainda de acordo com o Estadão, no pleito daquele ano, Portinho declarou R$ 883,9 mil em bens e teve a candidatura deferida pela Justiça Eleitoral. Durante a campanha, recebeu duas doações de R$ 500 do diretório municipal do Novo para serviços de consultoria em advocacia e contabilidade. Ao todo, recebeu 602 votos.