Ministério da Economia prepara hipoteca especial para idosos com dificuldade financeira

Idosos com a casa própria quitada poderão tomar empréstimos dando o imóvel como garantia, sem sair da residência

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

Idosos com a casa própria quitada e que estiverem com dificuldades financeira poderão tomar empréstimos dando o imóvel como garantia, sem sair da residência. A Secretaria de Política Econômica (SPE) do Ministério da Economia informou hoje que prepara a legalização da hipoteca reversa no Brasil.

Segundo a SPE, essa modalidade existe, de forma consolidada, em países desenvolvidos e vai ajudar a fortalecer o mercado de crédito e garantir mais opções de empréstimos aos consumidores. Em nota, o órgão informou que a hipoteca reversa pode despertar interesse no país em um cenário de envelhecimento da sociedade brasileira.

O plano estabelece que o contrato só se encerra em três situações: com a morte do contratante, caso o contratante deseje se mudar da residência e pague a dívida e por vontade própria do contratante em quitar a dívida e concluir o contrato.

As instituições financeiras se comprometem a tomar o imóvel somente ao fim do acordo. Segundo o Ministério da Economia, a maior vantagem da hipoteca reversa consiste em desobrigar o mutuário do pagamento do principal e de juros durante a vigência do contrato, sem comprometer a renda ou parte da aposentadoria, como na modalidade tradicional.

O Ministério da Economia explicou que a hipoteca reversa ocorre de maneira oposta à hipoteca tradicional. Em financiamentos imobiliários tradicionais, a dívida do mutuário é alta no início e cai ao longo do tempo até zerar, com a casa passando integralmente para as mãos do contratante. No sistema reverso, o débito é baixo, e o patrimônio pertence integralmente ao contratante e, somente no fim do contrato, a dívida é paga, com a instituição financeira tomando a casa.

Segundo o Ministério da Economia, as instituições podem pagar o contratante do empréstimo por meio de parcelas fixas mensais, de combinações de um valor inicial e posteriores parcelas mensais, de aportes mais vultosos de tempos em tempos ou até com linhas especiais acessadas apenas em momentos de necessidade.

De acordo com a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad contínua) de 2017, há no Brasil 5,7 milhões de residências próprias avaliadas em R$ 800 bilhões ocupadas por um idoso que mora sozinho ou com cônjuge também idoso.

Embora o marco regulatório em estudo pela SPE preveja que as instituições financeiras fiquem livres para definir a idade do público-alvo, experiências internacionais sugerem que a hipoteca reversa funcionam bem para a terceira idade, principalmente no caso de idosos sem herdeiros ou familiares. O órgão estima que a modalidade tenha potencial de movimentar de R$ 1,5 bilhão a R$ 3,5 bilhões na economia.