Maior parte dos estudantes de universidades federais é de baixa renda

Índice de estudantes negros chegou a 51,2% do total, número mais que triplicou desde 2003

Foto: Alina Souza. / CP

A maior parte dos estudantes das universidades federais – 70,2% – é de baixa renda, de acordo com pesquisa de 2018 apresentada hoje pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). O grupo pertence a famílias com renda mensal de até 1,5 salário mínimo per capita (em valores do ano passado), ou seja, R$ 1.431.

Os dados fazem parte da quinta edição da Pesquisa do Perfil Socioeconômico e Cultural dos Estudantes de Graduação. O estudo mostra que o índice de estudantes nessa faixa de renda era, em 2003, de 42,8%.

Além disso, de acordo com a pesquisa, 60,4% dos estudantes das instituições federais de ensino superior cursaram todo o ensino médio em escolas da rede pública. Em 2003, esse percentual era de 37,5%.

“Os dados desmistificam qualquer tipo de informação que as universidades hoje são majoritariamente da elite econômica, que poderia sustentar parte dos gastos das instituições”, disse o presidente da Andifes, Reinaldo Centoducatte.

Lei de Cotas
O novo perfil dos estudantes se deu principalmente, de acordo com a Andifes, com a Lei de Cotas (Lei 12.711/12), que estabelece que 50% das vagas das universidades federais e das instituições federais de ensino técnico de nível médio devem ser reservadas a estudantes da rede pública. Dentro da lei, há a reserva de vagas para pretos, pardos e indígenas, de acordo com o percentual dessas populações em cada unidade federativa.

Com isso, o índice de estudantes negros chegou a 51,2% do total, número mais que triplicou desde 2003. O número de estudantes indígenas que vivem em aldeias duplicou entre 2014 e 2018, passando a representar 0,4% dos estudantes das universidades. Os indígenas não aldeados são 0,5%.

A ampliação do acesso demandou também assistência estudantil, de acordo com a Andifes. Atualmente, 30% dos estudantes são beneficiados pelo Plano Nacional de Assistência Estudantil (Pnaes), recebendo desde bolsas de estudo, até auxílio na alimentação, transporte e hospedagem.

A assistência, de acordo com a diretoria da Andifes, ainda está aquém do atendimento a todo o público que precisa dela.

Pesquisa
A pesquisa ocorreu em 63 universidades federais nas cinco regiões do país e em dois centros federais de Educação Tecnológica (Cefets), em Minas Gerais e no Rio de Janeiro. Os dados foram coletados pela Internet entre fevereiro a junho de 2018.

Ao todo, pouco mais de um terço dos estudantes dessas instituições, 35,34%, responderam ao questionário.