Bolsonaro recebe prêmio nos EUA dizendo que ser presidente foi “milagre”

Presidente criticou políticas de governos anteriores e voltou a falar da Venezuela e da Argentina

Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro recebeu hoje o prêmio de Personalidade do Ano da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, em cerimônia em Dallas, no estado americano do Texas. O evento ocorreu durante almoço oferecido pelo World Affairs Council (Conselho de Assuntos Mundiais, em tradução livre) de Dallas/Fort Worth, e contou com a participação de dezenas de empresários, além de ministros do governo brasileiro.

No discurso improvisado de cerca de 13 minutos, o presidente brasileiro ressaltou a aproximação do governo com os Estados Unidos, criticou setores de esquerda e governos anteriores e reafirmou que a vitória no pleito do ano passado foi resultado de um “milagre”.

“Realmente aconteceu o que eu chamo de milagre, no Brasil. Ou melhor, dois milagres. Um, eu agradeço a Deus pela minha sobrevivência. E o outro, pelas mãos de grande parte dos brasileiros, alguns morando aqui nos Estados Unidos, me deram a missão de estar à frente desse grande país”, afirmou. O presidente acusou “políticas nefastas de gente que tinha ambição pessoal acima de tudo” de impedir que o Brasil ocupe um lugar de destaque no mundo. Bolsonaro assegurou, ainda, que nunca teve a ambição pessoal de se tornar presidente.

Dirigindo-se a uma plateia formada basicamente por empresários, Bolsonaro criticou a política de governos anteriores em relação aos Estados Unidos e prometeu maior aproximação: “No Brasil, a política, até há pouco, era de antagonismo a países como os Estados Unidos. Os senhores eram tratados como inimigos nossos. (…) O Brasil de hoje é amigo dos EUA, respeita os EUA, quer o povo americano e os empresários americanos ao nosso lado”. O presidente disse estar convicto de que a união e a confiança podem levar à ampliação do comércio e à assinatura de acordos entre os dois países.

Jair Bolsonaro voltou a citar a crise na Venezuela, opinou sobre as eleições na Argentina e criticou líderes e partidos latino-americanos de esquerda. “Falou-se há pouco aqui da nossa querida Venezuela. Pobre povo venezuelano, está fugindo da violência, da fome e da miséria. Mas não se esqueçam da nossa Argentina, [que] está indo para um caminho bastante complicado, com problemas estruturais em seu país. O meu amigo Macri enfrenta dificuldades e vê crescer a possibilidade de uma presidente última voltar ao poder – essa que era amiga do PT no Brasil, de Chávez, de Maduro, dentre outros, além de Fidel Castro”, afirmou Bolsonaro.

Ele ainda acrescentou que pretende visitar em breve a Argentina, mas negou intromissão em questões internas do país vizinho. “Vamos colaborar no que for possível com aquele país, sem nos imiscuirmos nas questões internas, mas sabedores de que se tivermos uma outra Venezuela no Cone Sul da América do Sul, os problemas são enormes para nós e, com toda certeza, para os senhores”.

Contingenciamento
Ao citar as manifestações de ontem no Brasil contra o bloqueio orçamentário em universidades públicas, Bolsonaro disse que apesar do “enorme potencial humano” existente no Brasil, a imprensa, as escolas e as faculdades sofrem interferência da esquerda.

“Temos um potencial humano fantástico, mas a esquerda brasileira entrou, infiltrou e tomou não apenas a imprensa, mas em grande parte as universidades e escolas do ensino médio e fundamental”, disse.

Em outro ponto do discurso, o presidente voltou a citar a mídia, que, segundo ele, não é isenta no Brasil.